terça-feira, 13 de agosto de 2013

Itamaraty quer mudar regras de nomeações


João Valadares
Correio Braziliense      -      13/08/2013




Ministério das Relações Exteriores prepara minuta de decreto para tornar mais transparente a indicação de funcionários para o cargo de vice-cônsul nas representações do exterior

0 Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou, na tarde de ontem, que o governo brasileiro prepara um projeto de decreto presidencial para tornar mais claros os procedimentos de nomeação de vice-cônsul. Na edição de domingo, o Correio denunciou que o Itamaraty escondia casos graves de transgressões de leis e normas internas para nomeações ilegais de apadrinhados políticos contratados localmente como auxiliares administrativos. O cargo de vice-cônsul só pode ser exercido por servidores públicos do quadro do próprio ministério, mas, para acomodar os indicados, a pasta rasgou a legislação.

O MRE afirmou que ainda não há data para a conclusão do texto do decreto que será encaminhado posteriormente à Casa Civil para ajustes. Para evitar a acomodação dos apadrinhados, bastava o Itamaraty cumprir o Guia de Administração dos Postos, que rege o trabalho da pasta no exterior. “Não será autorizada a concessão de passaporte diplomático ou oficial para auxiliar local nem sua inclusão em lista diplomática ou seu credenciamento como vice-cônsul”, define o documento.

Além das nomeações irregulares ocorridas no consulado do Brasil em Nova York (EUA) e em Munique (Alemanha), o Correio teve acesso a documentos internos que comprovam que a mesma irregularidade ocorreu na representação diplomática brasileira em Barcelona, na Espanha.

O auxiliar administrativo Emilio Fonta Fábregas também virou vice-cônsul. Em um comunicado enviado ao MRE, o então cônsul-geral em Barcelona, Sérgio Barbosa Serra, diz que estará acompanhado num evento pelo “vice-cônsul Emilio Fonta Fábregas, responsável pela preparação da visita”. O salário dele é de 3.501, 35 euros, o maior salário entre os contratados locais. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do MRE não havia respondido aos questionamentos sobre a nomeação ilegal ocorrida em Barcelona.

Revogação

Depois de ser acionado pelo Correio, na terça-feira passada, para responder pelas irregularidades detectadas, o Itamaraty encaminhou, na sexta-feira, comunicado para o consulado do Brasil em Munique determinando a revogação da nomeação de vice-cônsul para a auxiliar administrativa Vera Frueb. No mesmo dia, também corrigiu outra ilegalidade ao pedir o cancelamento do passaporte diplomático que havia sido concedido à contratada local em questão. Ontem, retirou o nome dela da relação que constava no site oficial do consulado.

Em relação ao caso do auxiliar administrativo Dario Vasconcellos Campos, que foi nomeado vice-cônsul em Nova York, o MRE afirmou que ele e a mulher não têm mais o passaporte diplomático desde abril deste ano, quando perdeu o título que passou a ostentar em 1996. Por lei, entre as três carreiras que compõem o Serviço Exterior Brasileiro, somente diplomatas e oficiais de chancelaria fazem jus a esse tipo de passaporte. Nem mesmo os assistentes de chancelaria têm direito.

O casal, que foi agraciado com o privilégio ilegal, recebe ainda os maiores salários entre os 60 contratados do consulado. Conforme a relação de auxiliares locais, expedida em 29 de julho, a qual o Correio teve acesso, Dario ganha US$ 6.652, o que equivale a R$ 14.768. A mulher dele ganha o segundo maior salário: US$ 5.578 (R$ 12.383,16).

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