domingo, 25 de agosto de 2013

Máquina emperrada


Correio Braziliense     -     25/08/2013




O excesso de papéis, carimbos e processos piora o quadro de desperdício no Brasil. O relatório da International Business Report, da auditoria Grant Thornton, mostra que 50% das empresas citam a burocracia e as excessivas regulações como principais fatores de limitação para o crescimento e a expansão dos negócios. As companhias desperdiçam 2,6 mil horas com burocracia por ano, o equivalente a 108 dias corridos — o dobro da média mundial. No ranking das nações mais burocráticas do planeta, a bandeira verde e amarela perde apenas para Grécia, onde 57% dos executivos colocam o problema como principal entrave, e para Polônia, onde essa taxa é de 52%.

"O burocrata não tem ideia do tamanho do roubo que ele pratica em nome da boa-fé sobre o cliente dele, que é o contribuinte, quando ele complica a vida do cidadão", pondera Paulo Rabello de Castro, presidente do Instituto Atlântico e integrante do Movimento Brasil Eficiente. Ele alerta que, no Brasil, a quantidade de horas perdidas com burocracia é dez vezes maior que a observada em países desenvolvidos. Rabello estima que as perdas com procedimentos excessivos podem chegar a R$ 200 bilhões por ano.

Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, explica que a burocracia não é algo totalmente ruim. Na visão dele, é impossível a uma grande empresa ou ao governo funcionar sem processos que organizem. "O problema é quando a burocracia se torna um fim em si mesma e deixa de ser apenas o meio pelo qual as coisas transitam e são organizadas", diz. Para ele, no entanto, o Estado brasileiro, de uma maneira geral, é eficiente em sua burocracia, especialmente pelo tamanho. Ele lembra que são 5,6 mil municípios e 26 estados mais o Distrito Federal e os Três Poderes. "As ineficiências existem, não são localizadas e não são poucas", avalia.

Todas as perdas com burocracia e ineficiência poderiam ser evitadas. Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) são enfáticos ao afirmar que a corrupção, os procedimentos excessivos, a falta de planejamento e o descompromisso na execução de projetos alimentam os desperdícios. "As ruas querem generosamente resolver os problemas dessas áreas críticas, aumentando a quantidade de gente no funcionalismo, mas que tal fazer antes uma reorganização dos que já estão lá? Precisamos de mais produtividade", sugere Rabello de Castro. "Às vezes ,a ineficiência não é por querer. As pessoas estão em um sistema que não está voltado para entregar o produto", critica. (VM)

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