BSPF - 08/03/2014
Brasil, Estados Unidos e Irlanda encontram desafios na
promoção de políticas públicas para a igualdade de gênero
A realidade das mulheres no mercado de trabalho mundial tem
melhorado substancialmente, mas ainda carrega preconceitos evidenciados pelas
estatísticas.
Segundo pesquisadores da área, os problemas encontrados são herança de uma civilização de origem paternalista, machista e que negou, durante muito tempo, o direito das mulheres ao estudo e à participação na política.
Segundo pesquisadores da área, os problemas encontrados são herança de uma civilização de origem paternalista, machista e que negou, durante muito tempo, o direito das mulheres ao estudo e à participação na política.
Embora mudanças simbólicas tenham começado a ocorrer no
final do século XIX, as lentas estruturas sociais ainda resistem às políticas
públicas de diversos países na luta para a igualdade de gênero na administração
pública. Estudos desenvolvidos nos Estados Unidos e na Irlanda comprovam que
esta discrepância não é particularidade do Brasil.
Em comum entre os estudos de gênero na administração pública
nesses três países está uma constatação: é preciso, e bom, que a igualdade de
postos em todos os níveis seja buscada.
Brasil
De acordo com o IBGE, as brasileiras já são maioria na
administração pública de municípios, estados e união (55%). Apesar disso,
raramente elas chegam aos postos mais altos de chefia - apenas 22% das vagas do
primeiro escalão da Administração Pública Federal, segundo dados de 2013 do
Ministério do Planejamento, são ocupadas por mulheres.
Apesar da participação ainda tímida delas no topo do poder,
o brasileiro se mostra mais adepto às mudanças que carregam como símbolo a
ascensão de Dilma Rousseff ao posto de primeira “presidenta” brasileira.
Segundo pesquisa publicada pelo Ibope no fim de 2013, apenas 9% dos
entrevistados acreditam que a realidade política seria pior com mais mulheres
no comando. A mesma pesquisa afirma que, para 43% dos consultados, o mundo
seria melhor com uma participação feminina mais abundante.
Esse otimismo para com as mulheres ajuda a entender a
mudança dos números nos últimos 10 anos, evidenciada em pesquisa divulgada em 2013 pela Escola Nacional de Administração Pública - Enap. A desigualdade
permanece, mas em lenta diminuição, e está agora mais evidente no topo da
pirâmide, onde são os homens que ocupam 78% dos cargos comissionados de Direção
e Assessoramento Superior - DAS de nível 6, o máximo dentro da administração
federal brasileira. Antes, em 2002, 18% desses cargos eram exercidos por
mulheres.
Estados Unidos
Já nos Estados Unidos, os avanços são comemorados, mas
poucos se lembram de convidar as “moderninhas” chefes para eventos e
confraternizações. Por incrível que possa parecer, esse é apontado como um dos
principais motivos para a limitada presença das americanas no alto comando,
como mostra estudo da Equal Employment Opportunity Commission's (EEOC), agência
americana criada para implementar as normas de promoção da igualdade no mercado
de trabalho em favor das minorias raciais e sexuais.
Essa agência aponta que quase 44% da força de trabalho
federal americana em 2011 era exercida por mulheres, mas que apenas 30% delas
alcançavam os postos mais altos. A pesquisa revelou que as dificuldades de
promoção estão diretamente relacionadas às restrições dos altos executivos em
se relacionar com as mulheres dentro e fora do ambiente de trabalho, diminuindo
a capacidade de expansão da rede de contatos da gestora e, consequentemente, suas
chances de promoção.
Ainda mais preocupante é a constatação de que elas são
preteridas por homens nas indicações para cursos de capacitação, essenciais
para a progressão na carreira pública. Como possível solução, o órgão americano
sugere que o estado deve se responsabilizar por promover campanhas educativas
de conscientização dentro da administração pública.
Irlanda
Na Irlanda, os dados sobre gênero são favoráveis às
mulheres, que ocupam 68% do total de cargos e empatam em 50% dos postos em
nível gerencial. Porém, segundo a pesquisadora local Linda McLoughlin, os dados
escondem uma tendência machista e tradicional dos irlandeses.
De acordo com a pesquisadora, as políticas públicas que
visam reduzir as distorções entre homens e mulheres no serviço público irlandês
sofre resistência interna e externa. Por lá, apenas 7% do alto executivo
público é feminino e 75% dos cidadãos acreditam que é melhor não apostar em
ideias novas, mantendo aquilo que é tradicional e preservando o status quo.
Fonte: Assessoria de Comunicação ANESP