BSPF - 04/04/2014
Governo decretou que, em jogos da seleção brasileira na
Copa, funcionários públicos terão meio expediente; indefinição vinha afetando
os juros futuros
Brasília - A pouco mais de dois meses para o início da Copa
do Mundo, somente nesta quinta-feira o governo descartou de vez a possibilidade
de decretar feriado nacional nos dias de jogos da seleção brasileira. A
incerteza do calendário de recesso durante o período de 12 de junho a 13 de
julho mexeu com o mercado de juros, que utiliza a quantidade de dias úteis para
o cálculo da taxa interfinanceira (CDI), referência para os contratos de juros
negociados na BMF&Bovespa.
O governo permanecia indefinido sobre como seria o
calendário de trabalho durante os jogos da seleção brasileira até esta
quinta-feira, quando o estadao.com.br divulgou que a incerteza vinha causando
ruídos no mercado financeiro. No fim da tarde, o Ministério do Planejamento
informou que os servidores da administração pública federal terão jornada
reduzida nos dias em que o time de Felipão entrar em campo. Eles serão
liberados do trabalho às 12h30.
Nos dias de jogo sem a participação da seleção brasileira,
haverá expediente normal. Segundo o ministério, haverá compensação das horas
não trabalhadas. Na primeira fase do torneio, o Brasil jogará nos dias 12, 17 e
23 de junho. Os jogos da Copa começam às 13h ou às 17h.
Não poderão deixar seus postos os servidores que trabalham
com serviços essenciais, como saúde, segurança e limpeza pública, por exemplo.
O Ministério do Planejamento é responsável por publicar todo início de ano o
calendário oficial de feriados para os órgãos e entidades da administração
pública federal. A portaria de 2014 não suspendeu os expedientes nos dias dos
jogos da Copa.
A discussão se o governo federal seguiria o exemplo de
outras esferas municipais e estaduais que decretaram feriado para desafogar o
trânsito levou investidores a fazer ajustes nas taxas. Os contratos de curto
prazo são os que mais sofreram uma nova precificação. A divulgação da
informação no estadao.com.br causou mal-estar no governo, segundo relatos de
fontes à reportagem. Como não foi decretado feriado, mesmo que os funcionários
do BC também sejam liberados mais cedo, a medida não deve afetar a precificação
do DI.
Dúvida. A grande questão é que, se fosse decretado feriado,
a indecisão para o cálculo da taxa ficaria atrelada ao desempenho da seleção de
Felipão no decorrer da competição. A dúvida da quantidade de feriados só seria
sanada em pouco espaço de tempo, à medida que o time brasileiro avançasse para
as oitavas, quartas, semifinal e final.
O impasse fez com que grandes investidores se antecipassem à
decisão e promovessem ajustes das taxas nos últimos dias. O movimento chegou a
distorcer a referência do mercado para a taxa Selic.
Não é a primeira vez que a indefinição em relação à
decretação de um feriado provoca ruídos no mercado financeiro. Isso aconteceu
também em 2007, quando o governo cogitou decretar recesso em homenagem a Frei
Galvão, o primeiro santo brasileiro. A folga seria concedida no dia 11 de maio,
mas o feriado também não foi confirmado pelo governo.
Fonte: O Estado de S. Paulo