Diogo Martins
Valor Econômico - 17/04/2014
Cerca de 350 servidores do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) protestaram ontem ao longo do dia contra a direção da
entidade. A presidente do órgão, Wasmália Bivar, foi o principal alvo dos
manifestantes. O protesto aconteceu em frente a uma das unidades do IBGE, no
centro do Rio, e provocou a paralisação do trabalho da diretoria de pesquisas
por 24 horas. Apesar disso, a divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de
março e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de
abril, marcada para hoje, está mantida.
Vários servidores do IBGE discursaram na calçada do prédio
que abriga a diretoria de pesquisa, em ato organizado pelo sindicato dos
funcionários. Eles acusaram a direção do órgão de sofrer ingerência política do
governo federal e afirmaram que a presidência age unilateralmente. Nos
discursos, foi citada a suspensão da divulgação da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e a revisão metodológica do
estudo sem consulta à área técnica.
Um dos manifestantes disse que o IBGE é uma instituição
"que tem que estar acima de qualquer governo". Outro afirmou que
"com a atual presidência, não dá mais". Os servidores carregaram uma
bandeira com a frase " "Precarizar o IBGE é comprometer o futuro do
Brasil".
"Existe uma crise, porque tem falta de pessoal e
orçamento contingenciado. Apenas recebemos em nossos e-mails a informação de
que 'seguiremos com a qualidade que nos é peculiar'. Mas todos sabem que existe
um limite para a tal 'qualidade que nos é peculiar'", afirmou Ana Magne,
diretora do sindicato.
No dia 24, uma assembleia tentará aprovar nova paralisação.
A ideia é que o movimento aumente para, futuramente, haver greve. "Ainda
não podemos falar em greve, pois o nosso movimento ainda não ganhou essa
dimensão. Estamos tentando mobilizar mais pessoas ", disse Suzana Drumond,
também da direção da entidade.
Marcia Quintslr, ex-diretora de pesquisas do IBGE, e Denise
Britz, ex-coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence),
que pediram exoneração dos cargos na semana passada, foram lembradas durante o
protesto. "Elas colocaram seu profissionalismo à frente de seu cargo
político", afirmou um dos manifestantes.
A presidência do IBGE, agora, avalia nomes para os cargos
vagos. Procurada, a assessoria de imprensa do IBGE disse que Wasmália não
comentaria os protestos.