Blog do Servidor
- 22/07/2014
O confronto entre governo e oposição no Congresso se
refletiu até em erros das divisões de recursos humanos da Administração. O
trancamento da pauta e a debandada dos parlamentares em busca de votos em suas
bases eleitorais levou a um fato inusitado no Departamento de Polícia Federal (DPF).
Agentes, escrivães e papiloscopistas viram a promessa de aumento salarial, a
ser votada em plenário, evaporar repentinamente das suas mãos. Diante desse
quadro, os policias se reúnem em assembleia na quarta e na quinta-feira, para
decidir se esperam alguma saída política ou se retomam o calendário de
paralisações.
Em meados de julho, ao consultarem os contracheques no
Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), os servidores
comprovaram que o salário de agosto viria com o reajuste de 12% — parte dos
15,8%, em três parcelas de 5%, até 2015. Dias depois, a quantia a mais foi
subtraída. “Criou-se uma sensação horrorosa, pois muita gente contava com o
dinheiro. A categoria está desesperada e não há esperança de solução antes das
eleições”, disse Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais (Fenapef).
Segundo a assessoria de imprensa do DPF, a divisão de RH se
adiantou, por acreditar que o Congresso faria esforço concentrado antes da
vigência da Lei Eleitoral (4 de julho) para não frustar expectativas. “O
reajuste já estava acordado. Para ser mais rápido e prático, os cálculos foram
logo feitos só para facilitar o trabalho. Como o projeto não foi aprovado, os
valores foram corrigidos”, justificou. O escorregão ocorreu porque os 12% ainda
dependem da Comissão Mista de Orçamento (CMO).
Deputados e senadores terão que votar o PLN 05/2014,
alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, aprovada em dezembro
de 2013, para incluir o aumento da categoria. Houve várias tentativas de
convocação dos presidentes das duas casas legislativas, mas o número de
presentes foi insuficiente para destrancar a pauta, bloqueada por nove medidas
provisórias (MP).
Outra categoria que depende do obscuro jogo de empurra é a
dos peritos federais agrários. Ricardo de Araújo Pereira, presidente do
Sindicato Nacional dos Peritos (SindPFA), afirmou que a luta agora é para que o
aumento entre no bolso em setembro. Ele visitou, ontem, o presidente da CMO,
deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), no intuito de mostrar a necessidade de o PLN
5/2014 ser colocado na ordem do dia ainda hoje. “Estamos preocupados com o
Congresso vazio”, destacou.