domingo, 3 de agosto de 2014

Há vagas no serviço público e não “inchaço” da máquina!


Congresso em Foco     -     03/08/2014  



   
“A postura de quem quer a todo custo ‘reduzir a máquina’ apenas reflete o desconhecimento dos verdadeiros números que temos no setor público. O que ocorre, na verdade, é o excesso de cargos comissionados, de contratos temporários e de funções de confiança”, critica Granjeiro

Em tempo de campanha eleitoral como o que estamos vivendo agora no Brasil, a primeira promessa dos candidatos, sobretudo daqueles que concorrem à presidência da República e aos governos estaduais, costuma ser o corte de gastos no setor público. Mais comum ainda é esses políticos darem início às críticas ao “inchaço da máquina administrativa”, que muitos consideram abrigar mais funcionários do que o necessário. Essa ideia, entretanto, não corresponde à realidade.

A postura de quem quer a todo custo “reduzir a máquina” apenas reflete o desconhecimento dos verdadeiros números que temos no setor público. O que ocorre, na verdade, é o excesso de cargos comissionados, de contratos temporários e de funções de confiança, que se prestam a atender a interesses políticos/partidários dos detentores do poder, em detrimento dos cargos que deveriam ser preenchidos por concurso público, como determinam a Constituição de 1988 e a legislação subsequente, como a lei 8.112/1990.

Trata-se de um verdadeiro escândalo. A situação — entra governo, sai governo — permanece a mesma, apesar dos inúmeros concursos públicos realizados todos os anos para preencher as vagas abertas. O problema é que esses concursos são insuficientes para suprir todas as necessidades da administração, que, por sua vez, também não se empenha para encontrar uma solução definitiva e dentro da legalidade.

Basta comparar o Brasil com outros países para constatar o absurdo: de acordo com dados do portal da transparência do governo federal, somente o Executivo conta com cerca de 22,5 mil funcionários em cargos comissionados, contra, aproximadamente, 4 mil na mesma situação nos Estados Unidos, 300 no Reino Unido (Grã-Bretanha) e 500 na Alemanha e na França.

A diferença já parece grande com esses dados, mas saiba que esses números são muito maiores. Segundo portaria publicada no Diário Oficial da União de 25 de julho, o quantitativo de cargos ocupados em comissão e em função de confiança totaliza 95.540, e outros 18.329 estão vagos. Os ministérios com mais funcionários dessa categoria são os da Educação (41.161) e da Fazenda (6.631), seguidos pela presidência da República (6.541). Esses números são oficiais. Quem os divulgou foi o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que controla o setor de pessoal no serviço público brasileiro.

Tem mais: o Ministério do Planejamento relata que 223.120 cargos efetivos estão vagos no poder Executivo, conforme dados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape). O órgão com mais carência de funcionários é o Ministério da Saúde, com 60.335 postos desocupados, seguido pelo Ministério da Educação, com 37.279. Nos ministérios e na presidência da República, entre servidores estáveis e em estágio probatório, trabalham 534.514 pessoas. Além disso, há 20.922 empregados temporários, 12.357 deles no Ministério da Educação, que é o campeão também nessa categoria.

Note, então, a falácia que é falar em “inchaço” da máquina pública. Há mais de 223 mil cargos vagos no Executivo federal. Só o Ministério da Saúde, que deveria ser prioritário nas ações de governo, tem mais de 60 mil postos efetivos desocupados. O resultado é falta de pessoal nos hospitais públicos para atender a população brasileira.

“Inchaço” existe, sim, mas...



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra