Blog do Servidor
- 08/08/2014
Na reunião com os administrativos da PF, no final da tarde
de quinta-feira, o assessor especial do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga,
afirmou que até a próxima terça-feira dará uma data para as nomeações e que as
negociações com o Ministério do Planejamento serão retomadas.
Após mais um dia de protestos, servidores começam a receber
retorno do governo. Os do Judiciário Federal e do Ministério Público da União
conquistaram o primeiro aceno positivo do Supremo Tribunal Federal (STF). Os
administrativos da Polícia Federal, apesar das manifestações em frente à sede
da PF e do Ministério do Planejamento, não sensibilizaram a ministra Miriam
Belchior, mas acabaram sendo recebidos pelo assessor especial do ministro da
Justiça, Marcelo Veiga. Já os funcionários do IBGE, que tiveram um tenso debate
com a direção, se reuniram em assembléia para decidir os próximos passos da
paralisação, que já dura mais de 60 dias.
Em sessão, na tarde ontem, o STF votou o orçamento para 2015
e inseriu recursos extras da ordem de R$ 100 milhões para o equilíbrio das
remunerações dos servidores. A quantia, segundo Jailton Assis, diretor do
sindicato da categoria (Sindjus), contempla as perdas inflacionárias de 40%,
após oito anos sem plano de cargos e salários. “Embora a medida se restrinja
aos servidores do STF, o lado bom é que foi enviada uma mensagem a todos os
tribunais para que acompanhem esse comportamento”, disse.
A notícia foi dada pelo diretor-geral do STF, Amarildo de
Oliveira. A tensão, agora, aumentou, pois a inclusão dos recursos é uma mera
questão técnica - o órgão tem que apresentar seu orçamento. “Temos que
continuar pressionando o ministro Lewandovksi (STF) e o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, para que conversem a presidente Dilma Rousseff,
exijam que o Executivo respeite o Legislativo e não faça cortes radicais de
verbas”, disse Assis.
Os administrativos da PF fizeram caminhada do edifício-se ao
Bloco K da Esplanada, com público abaixo das expectativas. “A direção nos
ameaçou. Mandou por e-mail uma circular, editada na greve dos policiais,
proibindo vestuário com dizeres de protesto e reforçando que paralisação é
falta injustificada, sem direito a compensação”, denunciou o presidente do
Sindicato (SinpecPF), João Luís Nunes.
Engrossaram a passeata, os aprovados no último concurso que
vieram a Brasília com a promessa de nomeação em julho, mas não foram
convocados. Suzana Carvalho, 36 anos, do Rio de Janeiro, está morando de favor
na casa de uma tia. “Deixei o emprego, gastei dinheiro de passagem aérea, com
alimentação e transporte. Estou em situação de vulnerabilidade. Não sei se
continuo aqui, ou se volto para casa. O governo não nos dá uma resposta”, lamentou.
Na mesma situação está Daniel Borsatto, 30, de São Paulo.
“Fizemos curso, exame médico e até escolhemos onde trabalhar. Depois, nos
deixaram à própria sorte”, disse. “O pior são as dívidas. Estou com um rombo de
mais de R$ 5 mil no cartão de crédito”, reforçou o baiano William Pereira
Jordão, 29. No IBGE, o impasse continua, apesar dos problemas causados pela
paralisação - a Pesquisa Mensal de Emprego, pelo segundo mês consecutivo, ficou
incompleta, sem os dados da Bahia e de Porto Alegre.
Em plenária nacional convocada pela associação nacional dos
servidores (AssIBGE), a categoria votou por uma nova reunião com a direção do
IBGE, para discutir reposição de dias parados e descontos nos salários. Em 11
de agosto, será decido pelo retorno ou não ao trabalho. Os participantes
reafirmaram a decisão de entrega dos cargos em todos os estados, de recusa em
dirigir veículos e de quaisquer outras atividades não previstas como funções do
servidor. Em relação às demissões, a AssIBGE dará suporte jurídico no andamento
de ações coletivas e individuais nos estados, além de garantir uma ajuda de
custo de até R$ 500 a cada demitido até o mês de setembro.