Vera Batista
Blog do Servidor
- 25/10/2014
Os servidores públicos federais estão divididos na
preferência eleitoral e se preparam para um 2015 de vacas magras. Bombeados por
pesquisas de opinião e indicadores econômicos de todos os lados, resignam-se
com o fato de que recomposição de perdas inflacionárias e reposição do quadro
de pessoal, no ano que vem, são assuntos fora do cardápio do futuro presidente
da República, pelo menos nos três primeiros meses de mandato. A previsão é de
pé no freio, com redução cirúrgica de gastos. O que significa - dependendo da
necessidade de financiamento do Estado - cortes drásticos nas despesas,
enxugamento da máquina e suspensão dos concursos públicos, seja quem for o
eleito pela maioria.
O que chama a atenção, porém, é que, às vésperas das eleições
majoritárias, ainda não houve consenso sobre quem é o mais indicado para ocupar
a disputada cadeira do Palácio do Planalto. Uns apontam a permanência da
presidente Dilma Roussef como a melhor opção para o funcionalismo. Outros
garantem que Aécio representa a alternância democrática de poder que virá
arejar o comando do país. Simulações de federações e associações nacionais da
categoria apontam que os mais novos, que não viveram o período de inflação
descontrolada e desemprego crescente, votam pela mudança; os mais antigos, que
assistiram a distribuição de renda, querem a continuidade.
“Não trago sonhos nem ilusões em relação a um ou a outro.
São dois diferentes projetos de Estado e de visão do setor público. Nenhum
deles é perfeito. Com Aécio, entretanto, há a sensação de que perderemos muitas
conquistas”, disse João Maria Medeiros de Oliveira, presidente do Sindicato
Nacional dos Servidores das Agências Reguladoras (Sinagências). “Porém, pelo
que apuramos, os mais antigos, que chegaram na administração antes dos anos 90
e assistiram à entrada de mais de 200 mil servidores por concurso público e a
queda na terceirização, votam em Dilma. Os que vieram após os anos 90, votam em
Aécio”, destacou.
Oliveira lembrou que o governo FHC, do PSDB de Aécio Neves,
suprimiu mais de 50 direitos dos servidores, mas o PT de Dilma Rousseff também
não aproveitou o período de gestão para avançar em garantias fundamentais, como
a regulamentação das resoluções I51 e 158 da OIT que dão direito de greve e
estabelecem data base para o funcionalismo. A extinção de direitos dos
servidores pelo governo FHC, reforçou Rudinei Marques, presidente do Sindicato
Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical),
acabou por criar forte impacto financeiro nos cofres da União. “Além da
frustração, a extinção de várias gratificações era inconstitucional. Deixou
mais de 400 mil casos de execução de precatórios e rombo de bilhões ao Tesouro.
Até hoje tem gente recebendo”, destacou.
Rudinei assinalou que, por outro lado, o PT lançou mão de
uma medida que imprimiu mais perdas de qualquer outra: o fim do regime de
solidariedade na aposentadoria, com a criação do Funpresp (Fundo de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal). Alexandre Barreto Lisboa, presidente
da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
(Anasps), também prevê negociações mais duras qualquer que seja o governo, em
2015, mas o assusta as perspectivas de queda no valor máximo aproximado das
aposentadorias para até três salários mínimos e de mais 10 anos sem...
Leia a íntegra em Servidores divididos