Vera Batista
Blog do Servidor
- 21/12/2014
Cor ainda é barreira. Apenas 4% dos servidores do Executivo
federal são negros. Cota de 20% para afrodescendentes nos concursos públicos produziu
melhora tímida na Esplanada
A despeito da inúmeras políticas afirmativas de inclusão no mercado de trabalho, as
desigualdades no funcionalismo público federal, pela raça ou cor, continuam
gritantes. O acesso é aparentemente democrático, porque todos entram por
concurso. Mas na medida em que aumenta o nível de complexidade, se elevam
também as disparidades. Dos 619.364 servidores na ativa do Poder Executivo,
320.371 (51,7%) são brancos. Apenas 138.936 (22,4%) são pardos e 24.765 (4%),
negros, segundo estudo da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
Os resultados contrastam com a distribuição da população
brasileira, com base no Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), no qual os brancos aparecem em minoria (47,7%),
diante da quantidade de pardos (43,1%) e pretos (7,6%) somados (50,7%).
Dos 25 ministérios considerados no levantamento, em apenas
quatro, trabalhadores da cor branca não são maioria absoluta (acima de 50%):
Agricultura e Pecuária (48%), Meio Ambiente (47%), Desenvolvimento Agrário
(42%) e Integração Nacional (42%). No Ministério de Relações Exteriores, a
brancos representam 32%, mas 58% não declararam ou não foram questionados sobre
a cor da pele ao ingressarem.
Em cargos de elite, ou de decisão estratégica (Cargos de
Direção e Assessoramento Superior - DAS), pretos e pardos estão ainda mais
ausentes. No DAS 6, com ganho mensal de R$ 12,9 mil, 77% dos ocupantes são
brancos (8% pardos e 4% negros). No DAS 5 (R$ 10,4 mil), há 73% de brancos, 11%
de pardos e 2% de negros. E no DAS 4 (R$ 7,9 mil), os brancos ocupam 69% das
funções, bem acima dos 16% de pardos e 3% de negros. Conforme o valor cai,
aumenta a quantidade das minorias: DAS 1 (R$ 2,1 mil), 55%, 24% e 4%, de
brancos, pardos e negros, respectivamente; DAS 2 (R$ 2,7 mil), 58%, 23% e 4%;
DAS 3 (R$ 4,4 mil), 63%, 21% e 4%.
Os salários maiores são, por outro lado, o indicativo do
nível de escolaridade. No serviço público, 23,5% das pessoas de cor branca têm
nível fundamental; 41,1%, nível médio; e 61,1%, superior. Enquanto a maioria
dos pardos e negros (44,3% e 6,4%, respectivamente) só concluíram o nível
fundamental. Pequena parte (26,7% e 5,2%) exercem funções de nível
intermediário e...
Leia a íntegra em Desigualdade racial ainda impera no serviço público