Agência Brasil
- 28/01/2015
Os auditores fiscais do trabalho fizeram na manhã desta
quarta-feira (28) uma manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF),
com faixas, camisetas, placas e gritos com pedidos de justiça, para lembrar os
11anos do assassinato de três fiscais e um motorista durante uma fiscalização
no interior de Minas Gerais. O episódio
ficou conhecido como Chacina de Unaí. Até agora, apenas três dos nove indiciados
foram julgados e condenados.
As viúvas das vítimas, o ministro do Trabalho e Emprego
(MTE), Manoel Dias e a presidenta do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
do Trabalho (Sinait), Rosa Maria Campos Jorge, se reuniram com a ministra do
STF, Cármen Lúcia. “Nós achamos que está demorado demais porque tem dois anos
que eles impetraram o pedido de habeas corpus”, disse Rosa em referência ao
recurso usado por Noberto Mânica, acusado de ser um dos mandantes do crime, e
por José Alberto de Castro, de ser intermediário, para tentar transferir o
julgamento da cidade de Belo Horizonte para Unaí.
Segundo o sindicato, o processo encontra-se parado no STF
com o ministro Dias Toffoli que pediu vista. Na reunião, os participantes
pediram celeridade no caso. “A ministra Cármen Lúcia nos recebeu. Ela vai, a
partir de segunda-feira (02), tentar localizar o processo e na medida que ela
puder, vai ajudar a agilizar o julgamento”, disse o ministro Dias.
Para o sindicato e parentes das vítimas, a transferência do
julgamento pode significar a impunidade dos acusados, entre eles os irmãos
Noberto e Antério Mânica. “Os mandantes são pessoas muito poderosas
economicamente. Os maiores empregadores e compradores da região. Eles têm a
população nas mãos. São esses que vão integrar o corpo de jurados. Certamente
essas pessoas vão se sentir pressionadas a votar favorável aos réus”, afirma a
presidenta do Sinait.
Helba Soares da Silva, viúva de Nelson José da Silva, um dos
auditores morto no episódio, também acredita que a isenção do julgamento só
será possível se o processo permanecer em Belo Horizonte. “A gente tá vendo a
impunidade. A gente fica muito triste de todo ano, há 11 anos, estar vindo aqui
‘mendigar’ justiça. Pedir que a justiça seja feita e agora, mais essa, deles
quererem levar o julgamento para Unaí. Se for para esta cidade posso dar a
sentença agora. Ele tá livre”.
A Chacina de Unaí aconteceu em 2004 no dia 28 de janeiro.
Para homenagear as vítimas, a data foi escolhida para ser alusiva ao Dia
Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho e também é dedicado a Semana Nacional de Combate ao Trabalho
Escravo.