Antonio Temóteo
Correio Braziliense
- 28/01/2015
Os servidores públicos devem R$ 155,7 bilhões em operações
de crédito consignado aos bancos, uma alta de 13,6% em relação ao estoque
apurado em 2013. Dados do Banco Central também apontam que os beneficiários do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contrataram R$ 77,1 bilhões em
operações na mesma modalidade em 2014, uma alta de 15,5% em relação ao ano
imediatamente anterior. Os financiamentos com desconto em folha para empregados
do setor privado também tiveram expansão, mas em um patamar bem menor: 6,4%.
Na tentativa de ampliar o crédito e estimular a economia por
meio do consumo, o governo decidiu aumentar de cinco para seis anos o prazo de
pagamento de empréstimos consignados tomados por aposentados. Nas contas do
Ministério da Previdência, a medida, aprovada na véspera das eleições,
resultará em um incremento anual de R$ 23,7 bilhões no volume contratado pelos
beneficiários do INSS. O Executivo também ampliou o tempo nas operações com
servidores públicos federais, de cinco para oito anos. Com o prazo maior, as
parcelas mensais diminuem. Assim, os aposentados e servidores podem contratar
mais empréstimos, sem ultrapassar o limite de comprometimento da renda, que é
de 30%.
Rigor
A expansão do crédito consignado divide especialistas. Uns
avaliam que a modalidade oferece taxas mais atrativas para os consumidores,
enquanto outros comentam que o brasileiro fica endividado e paga juros altos
porque contrata o maior número de prestações possíveis. O professor do
Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Carlos Oliveira
comentou que o estímulo ao crédito consignado é fruto da política econômica do
governo que se baseia no consumo. Na opinião dele, em um ambiente de baixo
crescimento econômico, inflação em alta e risco de aumento do desemprego, os
bancos têm procurado concentrar os recursos em operações de menor risco.
“Servidor público e beneficiário do INSS sempre receberá o salário em dia. Não
há risco de demissão. Assim, consegue recurso mais barato”, disse.