Jornal do Comércio
- 20/03/2015
Em período de restrição orçamentária, os servidores públicos
federais se reúnem com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para
reivindicar um reajuste linear de 27,3%. No ano passado, o Tesouro Nacional
teve que desembolsar R$ 240 bilhões para pagar os salários, aposentadorias e
pensões de pouco mais de 2 milhões de servidores ativos e inativos da União,
segundo o Boletim Estatístico de Pessoal e Informações Organizacionais.
De acordo com Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o reajuste
pedido foi calculado com base na variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) estimado para o período de agosto de 2010 a julho de
2016, em torno de 44%. Foram descontados os 15,8% que o governo concedeu em
três parcelas (2013, 2014, 2015) e acrescentado um ganho real de 2%. A inflação
projetada para este ano está em 8%, segundo uma centena de analistas ouvidos
pelo Banco Central.
Ele afirma que foi um erro o parcelamento do reajuste da
última negociação porque no período a inflação deve ser maior do que o
negociado entre os sindicatos e o governo. Por isso, agora, a categoria propõe
que o reajuste seja dado de forma integral, o que parece impossível diante dos
planos da equipe econômica de conter os gastos públicos para cumprir a meta de
superávit primário - economia para o pagamento de juros da dívida pública - e
recuperar a credibilidade dos investidores na economia brasileira.
O pleito dos servidores federais isolado representaria
aumento nas despesas com o pagamento do funcionalismo superior ao que o governo
tenta economizar durante todo esse ano de 2015: R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do
Produto Interno Bruto (PIB). O aumento, no entanto, só deve ocorrer em 2016,
uma vez que, em janeiro, os funcionários públicos tiveram aumento de 5%,
decorrente da última negociação. "É preciso começar a campanha desde já
para não cometermos os mesmos erros da última negociação e não esperarmos até
os 45 do segundo tempo para uma decisão", disse o diretor da Condsef,
representante de mais de 1,5 milhão de servidores do Executivo, Legislativo e
Judiciário. O reajuste de 15,8% foi concedido em 2012 após uma forte greve
geral.
Questionado se haveria espaço orçamentário para o governo
ceder à proposta do funcionalismo, Silva afirmou que espera que o ministro
cumpra a promessa de ter uma relação com a categoria diferente da antecessora,
Miriam Belchior, que atualmente é presidente da Caixa Econômica Federal.
"O governo já dialogou com todo os setores da sociedade: empresários,
sindicalistas de empresas privadas, agronegócio. Agora precisa abrir espaço
para nossas reivindicações", afirmou.