Agência Câmara Notícias
- 21/07/2015
Veto ao projeto de reajuste poderá ser publicado na edição
desta quarta-feira (22) do Diário Oficial da União
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, defendeu
nesta terça-feira (21) uma negociação para solucionar o impasse em torno do
reajuste do Judiciário. Cunha comentou o possível veto da presidente Dilma
Rousseff ao reajuste escalonado de até 78% para os servidores do Judiciário.
Desde a aprovação da matéria (PL 7920/14) no Congresso, Dilma já havia
classificado o reajuste de "insustentável". Eduardo Cunha garantiu
que seu recente anúncio de oposição ao governo não o fará trabalhar pela
derrubada do eventual veto presidencial.
Para o presidente da Câmara, a crise econômica exige uma
solução negociada para o impasse. "Se o governo não está em condições de
conceder esse aumento, não é derrubar o veto que vai resolver o problema. Tem
que se buscar uma negociação para algo que o governo, dentro das contas públicas,
suporte conceder”, disse Cunha.
“Aquilo que for institucional na defesa das contas públicas
sempre teve [meu apoio] e vou continuar tendo o mesmo comportamento. Não há, da
minha parte, nenhuma alteração em relação a isso. Eu tenho responsabilidade com
o País. Não podemos impor aumento de despesa pública que o governo não tem
condições de suportar, ainda mais em um momento de crise. Então, tem que se ter
cautela em relação a isso", afirmou o presidente da Câmara.
Articulação do governo
Cunha criticou, no entanto, a articulação da base governista
durante a tramitação da proposta de reajuste no Congresso. "Quando esse
processo saiu das comissões [da Câmara] e foi diretamente para o Senado, não
houve recurso: nem do governo, que poderia ter feito recurso para levar ao
Plenário [da Câmara], com 10% dos parlamentares assinando. Então, o governo
aqui não recorreu e, lá no Senado, votou unanimemente. Acho que é um problema
de articulação da base do governo", declarou.
Em defesa do reajuste, servidores do Judiciário fizeram
várias manifestações durante este mês e chegaram a interditar nesta terça o
Eixo Monumental, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília.
Meta fiscal
O presidente da Câmara também comentou sobre uma possível
redução da meta fiscal, defendida por setores da equipe econômica do governo
federal. Eduardo Cunha lembrou que o Congresso fez sua parte ao aprovar o
ajuste fiscal pretendido pelo governo, mas frisou que é necessária uma
sinalização mais clara do Executivo quanto à retomada do crescimento econômico.
"É preciso ter cautela porque a atividade econômica
está sendo bastante reduzida, o que vai agravar a arrecadação tributária, que,
consequentemente, vai demandar mais medidas. Então, o governo tem que apontar
uma saída na política econômica que possa mostrar quando será retomado o viés
de crescimento e de recuperação da atividade econômica. Sem isso, nós vamos
ficar, a cada hora que passa, buscando uma medida nova para segurar a despesa
que não está sendo contida e a receita que está caindo", afirmou Cunha.
Na entrevista desta terça-feira, Eduardo Cunha também
atribuiu à "deterioração do ambiente econômico" a queda de
popularidade da presidente Dilma Rousseff, apurada em pesquisa da Confederação
Nacional do Transporte (CNT).