Agência Brasil
- 30/07/2015
Há 23 dias em greve, os servidores do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) aguardam uma nova proposta do governo federal. Segundo o
diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São
Paulo (Sinsprev-SP), a expectativa é que os novos termos sejam apresentados
ainda hoje (30). “A gente espera ter alguma proposta concreta para discutir a
continuidade ou não da greve”, ressaltou. Em São Paulo será feita uma
assembleia da categoria amanhã (31) às 15h para discutir os rumos do movimento.
Além do reajuste salarial, a categoria quer a ampliação do
quadro de funcionários por concurso público, a incorporação das gratificações
ao salário e a melhoria das condições trabalho. Quanto ao aumento, os
servidores pedem 27,3%, que alegam ser reposição das perdas salariais desde
2010. O governo ofereceu até o momento 21% dividido ao longo de quatro anos.
A estimativa do sindicato é que 80% das agências paulistas
aderiram a paralisação. De acordo com o balanço divulgado no final da tarde de
ontem (29) pelo INSS, 133 das 264 agências do estado de São Paulo funcionavam
parcialmente e 40 estavam completamente paradas. Em todo o país, o órgão
calcula que 51,6% das agências (828) têm funcionamento parcial e 17,5% (281)
estão fechadas.
Na região central da capital paulista, a agência do
Glicério, uma das maiores da cidade, estava fechada na manhã de hoje (30). Nem
as perícias já agendadas estavam sendo feitas. A única indicação para os
usuários era uma corrente com cadeado no portão. “Eu liguei ontem para
confirmar se ia ser atendida e falaram que a agência estava em atendimento
parcial, só para as perícias que já estavam marcadas. E vim e dei com a cara da
porta. Não tem um funcionário nem para orientar as pessoas,” reclamou a
auxiliar de limpeza Eliana Rangel.
Ela contou que já era a terceira vez que tentava fazer a
perícia para avaliar a condição física após um acidente de trabalho em que
fraturou o pé. “Enquanto eles não voltam, a gente não recebe. Para quem paga
aluguel e tem filho é complicado”, comentou Eliana, que está afastada desde
janeiro.
A operadora de telemarketing Caludinete Alves foi a agência
da Rua Xavier de Toledo, no centro da cidade, para tentar resolver problema no
recebimento de um benefício. Porém, o posto só está atendendo as perícias
médicas. “Eu tenho um benefício e está com problemas. Eu quero saber o que está
acontecendo. Liguei no 135 e eles disseram que essa [agência] estava
funcionando. Mas estou vendo que está de greve também,” reclamou.
Em nota, o INSS diz que “tem empreendido todos os esforços
no sentido de orientar as unidades e a Central de Teleatendimento 135 no que se
refere às providências de reagendamento para os segurados que não estão sendo
atendidos devido ao movimento de paralisação dos servidores.”
O Ministério da Previdência Social e o INSS dizem ainda que
têm uma relação com os servidores baseada no diálogo e no respeito. “Por isso,
mantém as portas abertas às suas entidades representativas para a construção de
uma solução que contemple os interesses de todos”, acrescenta o comunicado.