Agência Brasil
- 20/07/2015
Em nova reunião de negociação, o governo propôs reajustar os
benefícios dos servidores do Executivo, mas não apresentou nova proposta de
aumento dos salários. As reuniões com os servidores ocorrem desde março. Os
representantes levarão a proposta às respectivas categorias e um novo encontro
poderá ser agendado na próxima semana.
A proposta do governo é reajustar os auxílios-alimentação e
saúde em 22,8%. Com isso, os trabalhadores passam a receber para a alimentação,
que segue o mesmo valor – R$ 458 – para todos os estados, de acordo com os
sindicatos. Já o valor para a saúde é variado. Também foi proposto o reajuste
do auxílio-creche em 317,3%, já que este não é reajustado desde 1995. Segundo
as entidades, no Distrito Federal, o valor chegará, a R$ 396.
A reunião foi feita com o secretário de Relações de Trabalho
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Sérgio Mendonça, e
representantes das 23 entidades e três centrais sindicais que integram o Fórum
Nacional dos Servidores Públicos Federais, que congregam a maior parte dos
cerca de 1,5 milhão de servidores do Executivo. Segundo Mendonça, o impacto do
reajuste dos benefícios será R$ 1,3 bilhão por ano.
Salário
Não foi apresentada nova proposta de reajuste do salário. Os
servidores pedem aumento de 27,3% para o ano que vem, para repor as perdas
salariais desde 2010. O governo oferece reajuste de 21,3% nos próximos quatro
anos e entende que as perdas já foram compensadas desde 2003.
As entidades pedem que o ajuste seja anual, para evitar
novas perdas. Hoje, Mendonça propôs que, caso a inflação supere a projeção do
governo, uma nova negociação seja feita em 2017, mas sem abrir mão do acordo de
quatro anos.
"O governo, como qualquer sindicato, como qualquer
cidadão, avalia o contexto de dificuldade econômica em que estamos, com queda
de arrecadação. Mesmo assim, fazemos uma proposta para tentar preservar o poder
aquisitivo para a frente, dado acharmos que até 2015 temos gordura [de
salário]. Esta é a nossa avaliação, mas eles divergem, e os números ficam bem
diferentes."
Para o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef), Sergio Ronaldo da Silva, o avanço foi muito
aquém do que os servidores gostariam. "O governo manteve a posição
dele", disse Silva. "Não tem acordo com o prazo de quatro anos, não
vamos colocar essa amarra na categoria. Os exemplos de 2012 foram muito ruins
com relação ao reajuste de três anos, tivemos perdas."
Greves
Entre os servidores do Executivo, estão em greve os do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os professores universitários, os
servidores técnico-administrativos das instituições federais de ensino
superior, os dos institutos federais e os da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
"As greves estão mantidas. Os que estão em greve vão continuar, e os que
deliberaram vão fortalecer até chegar a um consenso", acrescentou o
secretário da Condsef.
O governo federal tem até o dia 21 de agosto para enviar ao
Congresso Nacional os projetos de lei que resultarem dos acordos. Na última
reunião, o secretário de Relações de Trabalho disse que o prazo poderá ser
adiado em uma "situação limite". O último acordo, segundo o
ministério, foi firmado em 2012, quando as categorias receberam 15,8% de
reajuste distribuído nos anos de 2013, 2014 e 2015.
A partir de amanhã (21), Mendonça reúne-se com
representantes de cada categoria individualmente. Os encontros continuarão nas
próximas três semanas. Amanhã (21), serão recebidos os servidores do INSS.
As entidades que compõem o Fórum Nacional dos Servidores
Públicos Federais marcaram para quarta-feira (22) a Marcha a Brasília para
pressionar o governo por negociações efetivas. A expectativa é reunir 5 mil
manifestantes na capital federal.