Agência Brasil
- 07/07/2015
Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
entraram hoje (7) em greve por tempo indeterminado. Eles reivindicam reajuste
salarial de 27,5% e melhores condições de trabalho.
De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos dos
Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps),
funcionários de 19 estados aderiram à paralisação. A entidade avalia que 70%
dos servidores nesses estados estejam parados. A assessoria de imprensa do INSS
informou que deve divulgar no fim do dia um balanço sobre a quantidade de
estados e servidores parados.
Para Márcio Villano Bottini, diretor do Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo (Sinsprev), a
estimativa inicial é que 80% das agências amanheceram fechadas no estado.
Segundo ele, o reajuste de 27,5% representa o cálculo da inflação acumulada
desde 2010.
A proposta do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
é reajustar em 21,3%, de forma parcelada, até 2019 (5,5% em 2016, 5% em 2017,
4,75% em 2018 e 4,5% em 2019), foi rejeitada pelos trabalhadores.
Segundo o sindicato, os demais pleitos dos empregados também
não seriam contemplados pela proposta. "Precisamos de concurso público,
pois falta muito funcionário para atender adequadamente a população. Queremos
mais investimento. Temos agência sem tinta de impressão e papel para imprimir
coisas básicas para os segurados. Isso é fundamental para a população",
disse Márcio.
Márcio afirmou que os servidores também estão descontentes
com um plano de metas que amplia a jornada de trabalho de 30 horas semanais.
"Com o número de servidores reduzido, fica difícil cumprir as metas. Quem
não cumpre, pode perder as 30 horas e ter de trabalhar até 3 horas a mais por
dia", esclareceu.
Pela manhã, na agência da região do Glicério, centro de São
Paulo, segurados reclamavam da falta de informação. A agência é uma das maiores
da capital, chegando a atender 700 pessoas por dia. Denise Romero, psicóloga de
57 anos, acompanhava a mãe, de 92 anos.
Denise precisa receber uma pensão por morte do pai. “Faz 15
dias que meu pai mrreu. Foi feito o agendamento e o procedimento, confirmado
ontem (6). Fica difícil levar a sério uma situação como essa”, reclamou.
Marcia Aparecida Pinto, autônoma, 46 anos, é deficiente
visual e precisava passar por perícia médica hoje. “Estava trabalhando, mas não
consigo enxergar com meu único olho." Marlene da Silva, aposentada, 70
anos, reclamou da falta de informação no atendimento. "Tenho um empréstimo
consignado em folha, mas não há repasse do INSS desde maio. Estou passando por
isso e não sei a quem recorrer. Trabalhei a vida inteira e agora recebo um
salário mínimo", explicou.
A orientação do INSS aos segurados é que as datas de
atendimento serão remarcadas pela própria agência. Dúvidas podem ser
esclarecidas pela central do telefone 135. Em nota, o INSS informou que
considerará a data originalmente agendada como a de entrada do requerimento,
"de modo a evitar qualquer prejuízo financeiro nos benefícios dos
segurados".
Também em comunicado, o Ministério da Previdência Social
informou "que têm baseado sua relação com os servidores no respeito, no
diálogo e na compreensão da importância do papel da categoria no reconhecimento
dos direitos da clientela previdenciária e, por isso, mantém as portas abertas
às suas entidades representativas para construção de uma solução que contemple
os interesses de todos".