Vera Batista
Correio Braziliense
- 22/07/2015
Os servidores públicos federais não saíram satisfeitos da
reunião, segunda-feira, com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério
do Planejamento, Sérgio Mendonça, mas já sinalizam que não pretendem
radicalizar o protestos por reajuste salarial de 27,5% para 2016 - meta inicial
do conjunto do funcionalismo. A contraproposta do governo às pautas da campanha
salarial de 2015 foi considerada "razoável" pelo presidente do
Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Daro Piffer.
"A rigor, o que foi apresentado não nos atende. O
governo não mexeu no índice de correção (21,3%, sendo 5,5% em 2016; 5%, em
2017; 4,75%, em 2018; e 4,5%, em 2019). A cláusula de revisão em 2016, caso a
inflação fique acima do estimado, é importante, mas não suficiente",
argumentou. Segundo Piffer, diante da conjuntura de aperto, a categoria decidiu
refazer as contas. "Calculamos a inflação de julho de 2010 a junho de
2014, descontados os 15,8% dos últimos três anos. O percentual que o Sinal vai
apresentar na reunião do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de
Estado (Fonacate) será de 22% para 2016. Não concordamos com acordos por quatro
anos", revelou.
"A correção dos benefícios de certa forma foi razoável
(auxílio-creche, 317,3%; auxílio-alimentação, 22,5%; e plano de saúde
suplementar, 23%). Mas ainda falta a equiparação com o que é recebido por
servidores de outros Poderes", considerou Piffer.
Para Rudinei Marques, secretário-geral do Fonacate, a
tendência é trabalhar com números "mais palatáveis" sem, no entanto,
abrir mão da correção do poder aquisitivo. Ele sinalizou que até mesmo os
reajustes dos benefícios embutem algumas armadilhas. "Acho que o governo
Dilma está retomando a fórmula da gestão FHC que criou gratificações para os
ativos. Esse aumento nos auxílios alimentação e creche e no
plano de saúde valoriza os da ativa e se esquece dos aposentados."
Marques lembrou, também, que o auxílio-creche, instrumento
temporário que teve o maior reajuste, atende a aproximadamente 66 mil
servidores, ou cerca de 10% do total. "O negócio é discutir mesmo o
reajuste, com critérios bem definidos. Todos sabemos que o país passa pela pior
crise política dos últimos 20 anos, que tem causado dificuldades ao governo
para concluir as metas do ajuste fiscal. Não é interesse do servidor aprofundar
ainda mais essa crise", destacou.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita
Federal (Sindifisco Nacional ) considerou a contraproposta do governo federal
"um modesto avanço", mas criticou o fato de não contemplar pontos
importantes para a classe, sobretudo nas questões paralelas à salarial. Para
Cláudio Damasceno, presidente do Sindifisco,, os percentuais apresentados pelo
MPOG não restabelecem o protagonismo dos auditores.
Disputa
Veja como estão as negociações entre governo e servidores
O que o funcionalismo quer
» Política salarial permanente com correção de distorções e
reposição de perdas inflacionárias
» Data-base em 1º de maio
» Reajuste linear de 27,3%
» Paridade entre ativos, aposentados e pensionistas
» Isonomia de benefícios para servidores dos Três Poderes
» Regulamentação da Convenção 151 da OIT
» Retirada de pauta de projetos prejudiciais aos
trabalhadores que tramitam no Congresso Nacional
» Aprovação de projetos de interesse dos trabalhadores que
tramitam no Congresso Nacional
O que o governo oferece
» Reajuste de 21,3%, em quatro anos (5,5% em 2016; 5% em
2017; 4,75% em 2018; e 4,5% em 2019)
» Gatilho salarial para 2017, caso a inflação ultrapasse 5%
em 2016
» Reajuste de benefícios a partir de janeiro de 2016
» Auxílio-creche: correção de 317,3%
» Auxílio-alimentação: aumento de 22,5%
» Plano de saúde suplementar: reajuste de 23%
Fontes: Ministério do Planejamento e sindicatos