quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Isonomia de salário custará R$ 8,1 bi


Vera Batista
Correio Braziliense     -     05/08/2015




A proposta de Emenda Constitucional (PEC) n º 443/2009, que vincula os salários de diversas carreiras do serviço público federal às remunerações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), está tirando o sono do Palácio do Planalto. Caso seja aprovado, o projeto, que embute reajuste mínimo de 53%, causará rombo de pelo menos R$ 8,1 bilhões no caixa do Tesouro Nacional. É praticamente a meta fiscal de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) - R$ 8,7 bilhões - anunciada para este ano pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O gasto extra leva em consideração apenas as quatro principais classes beneficiadas pela vinculação dos salários: os advogados públicos, os auditores-fiscais (da Receita Federal e do Ministério do Trabalho), os analistas do Banco Central e os fiscais agropecuários Com a PEC n º 433, algumas delas mais que dobrarão os rendimentos. O valor é considerado extremamente alto, principalmente nesse momento em que a equipe econômica se esforça para equilibrar as contas públicas.

A distorção é enorme, segundo integrantes do governo. "Os R$ 8,1 bilhões representam praticamente o montante anual que o Planejamento ofertou para todos os servidores civis do Executivo, de R$ 8,3 bilhões, como reajuste em 2016", disse um dos técnicos, ou seja, as quatro carreiras pretendem embolsar, sozinhas, o valor oferecido a 610 mil pessoas na ativa. No total, a fatura do reajuste de 21,3% proposto pelo governo ao logo de quatro anos custará R$ 32,2 bilhões.

Hoje, o ganho mensal dos ministros do Supremo - o teto do funcionalismo - são de R$ 33.763. Os 90,25%, portanto, equivalem a R$ 30.471. Segundo as simulações com base na PEC n º 443, a remuneração atual dos advogados saltaria de R$ 19.913 para R$ 30.471, com impacto anual de R$ 852,8 milhões nos cofres públicos, distribuídos entre 2.451 procuradores da Fazenda, 604 defensores públicos federais e 3.147 advogados-gerais da União).

A conta aumenta quando são incluídos 31.033 auditores da Receita Federal e 6.689 auditores do Trabalho, cujos salários, de R$ 21.403, seriam acrescidos de mais R$ 9.067. Ao fim de um ano, os contribuintes bancariam mais R$ 4,4 bilhões a essas categorias,Já os analistas do Banco Central, com ganho de R$ 17.330, teriam reajuste médio de R$ 13.410,25, que, multiplicado por 9.576 servidores, custaria R$ 1,7 bilhão por ano. Os 5.976 fiscais federais agropecuários, por sua vez, entregariam fatura extra ao Tesouro Nacional de R$ 1,2 bilhão, com os rendimentos mensais, de R$ 15.029, sendo acrescidos de um adicional de R$ 15.442.

No entender do economista Raul Velloso, um aumento nessas proporções é impossível. "Não tem como o governo se virar. O estrago é grande", disse. Segundo Mansueto Almeida, a reivindicação sequer faz sentido. "A previsão de aumento de gasto anual com a totalidade dos servidores, ativos e inativos, é de R$ 16 bilhões, caso o governo feche o acordo de reajuste de 21,3% até 2019. Incluir aí mais 50% vai causar um impacto substancial. Não é hora de discutir uma despesa desse porte", reforçou.


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra