José Wilson Granjeiro
Congresso em Foco
- 16/08/2015
“Rapazes e moças estão assumindo postos no governo logo
depois de concluírem curso superior. Em uma década, a idade média dos
servidores diminuiu dez anos. É a Geração Y assumindo as carreiras típicas de
Estado”
Rapazes e moças estão assumindo postos no governo logo
depois de concluírem o curso superior. Em uma década, a idade média dos
servidores diminuiu dez anos. Nesse período, o perfil dos servidores públicos
mudou, sobretudo porque houve uma considerável procura por parte dos
profissionais com menos de 30 anos no setor.
É a Geração Y assumindo as carreiras estratégicas e típicas de Estado
pela aprovação prévia em concurso público.
Ainda assim o quadro de servidores públicos federais está
envelhecido e os órgãos públicos não têm empossado muitos jovens na última
década. Vejamos esses dados:
Idade média dos servidores públicos FEDERAIS
2003………………………………..46 anos
2013…………………………………56 anos
Idade média dos servidores públicos DISTRITAIS
2015………………………………….62% entre 35 e 55 anos de idade
(no GDF, há menos de 2.000 servidores com idade abaixo de 25
anos)
Disponho de alguns dados sobre a evolução do preenchimento
de postos no serviço público federal: segundo meus registros, na última década,
40% das pessoas que ingressaram no serviço público tinham entre 18 e 30 anos;
40%, entre 30 e 50 anos; 20%, entre 30 e 50 anos. Portanto, há equilíbrio entre
as faixas etárias. Há aqui a combinação dos fatores da juventude – o “sangue
novo” – com a maturidade. Quem ganha com isso? O cidadão-cliente.
Vale ressaltar que a origem desse fenômeno está na
Constituição de 1988, que veio consolidar o processo de redemocratização do
país, após 21 anos de severo regime militar. Ao instituir o concurso de provas
ou de provas e títulos como regra para o preenchimento dos cargos e empregos
públicos em todos os Poderes da República, a Constituição Cidadã abriu as
portas do serviço público aos jovens prestes a ingressar em um curso superior
ou recém-egressos dele.
Além disso, a afirmação de “especialistas” de que a excessiva
juventude dos novos servidores é prejudicial à qualidade do serviço público não
corresponde à realidade. Ao contrário, o que se observa é um funcionalismo cada
vez mais bempreparado para exercer as suas funções. Basta lembrar que esses
jovens servidores, quando optaram pelo concurso público, submeteram-se a
estudos intensivos e específicos para a carreira que escolheram. Toda essa
preparação garante que os concursados já ingressem nos quadros públicos com uma
base teórica que eles levariam muito tempo para adquirir se não tivessem
passado pelos bancos das escolas preparatórias.
Por um lado, reconheço que seria desejável, em algumas áreas
que exigem maior embasamento cultural e experiência profissional, que se
definisse idade mínima para o ingresso na carreira. É o caso da magistratura,
do Ministério Público e até mesmo da carreira de delegado de polícia, seja
federal, seja estadual. Essas funções, dada a responsabilidade e a gravidade
das decisões que seus titulares devem tomar, certamente exigem um tipo de
amadurecimento que só vem com o tempo. Nesses casos, concordo com quem defende
a idade mínima de 35 anos para ingresso na carreira, compatível com o cargo a
ser ocupado.
Por outro lado, não vejo como um sério problema para o
serviço público, de modo geral, o fato de pessoas cada vez mais jovens
ingressarem nas carreiras do setor. Pelo contrário, considero essa renovação
salutar. Mais uma vez graças ao texto da Constituição de 1988, a substituição
de servidores aposentados, falecidos ou que deixaram o cargo por outros motivos
é feita com vantagem para a Administração. Afinal, os jovens que vêm ocupar
essas vagas terão tempo para estudar e participar de inúmeros cursos de
aperfeiçoamento. Tudo leva a crer que o tempo em atividade desses jovens servidores
será mais produtivo do que o de muitos dos antigos.
É preciso, ainda, considerar que não se pode impedir alguém,
sobretudo um jovem que deseje progredir na vida, de ascender a um cargo
público, que lhe proporcionará uma carreira segura, estável e, na maioria das
vezes, bem-remunerada. Isso sem contar as oportunidades de ascensão
profissional, melhores do que as encontradas na iniciativa privada. Em média, a
carreira pública paga 2,5 vezes o que paga a carreira privada e não faz
discriminação de gênero ou de idade nem exige – em regra – experiência ou boa
aparência. Por tudo isso, acho razoável a opção que os jovens vêm fazendo pelos
concursos públicos, um mercado que hoje, em todo o país, movimenta milhões de pessoas que se preparam para
concorrer às vagas nas diversas áreas das carreiras estatais. São talentos que
querem servir ao seu país e ao seu povo.
Realmente, acredito que a opção pelo serviço público é uma
das melhores decisões que um rapaz ou uma moça podem tomar, diante do que
talvez seja a garantia de um futuro melhor para si e para a família. Não é uma
decisão fácil: “O TEMPO de dificuldade e angústia que está à nossa frente
EXIGIRÁ uma FÉ que possa suportar o cansaço, a demora, as reprovações, a falta
de recursos financeiros, o desânimo e a vontade de desistir. Uma fé que não
desanime, ainda que severamente testada, DEVEREI PRESERVAR. A VITÓRIA – a
aprovação e a desejada classificação – virá, porque EU MEREÇO e fiz o melhor de
MIM.” Estudar para concurso público é, sem dúvida, uma opção de vida, uma
escolha que será recompensada quando chegar a hora de TOMAR POSSE e entrar em
exercício no CARGO PÚBLICO, tendo o GOVERNO COMO PATRÃO e a desejada
ESTABILIDADE FINANCEIRA!