Agência Câmara Notícias
- 03/05/2016
Depois de liderar um processo de obstrução de cerca de uma
hora, o PT voltou atrás e abriu mão de impedir as votações em defesa da
aprovação de reajustes salariais para servidores do Judiciário, da
Advocacia-Geral da União (AGU), da Defensoria Pública da União (DPU), do
Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apenas as urgências dos reajustes do MPF e dos ministros do
STF foram aprovadas na noite desta terça-feira (3), sem previsão para análise
do mérito dos projetos (PLs 6697/09 e 2646/15). Com o fim da obstrução, o
Plenário ainda aprovou a Medida Provisória 701/15, que autoriza seguradoras e
organismos internacionais a oferecer o Seguro de Crédito à Exportação (SCE).
A mudança de posição fez parte da estratégia do PT para fugir
das críticas de que a obstrução seria um obstáculo aos reajustes e para chamar
a atenção ao fato de os demais partidos estarem dispostos a aprovar apenas a
urgência, e não o mérito das propostas.
Foi o que disse o líder do PT, deputado Afonso Florence
(BA). “Se não votar, é porque o PSDB não quer”, afirmou o deputado. “Vamos
garantir a revisão das carreiras e vamos garantir um Estado forte”, declarou.
Negociação
A proposta de votação do mérito das propostas sequer foi
levada aos líderes partidários. “Eu vou tocar a pauta”, disse o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha. Ele lembrou que o acordo feito com os líderes e com o
Judiciário prevê apenas a aprovação das urgências. A votação de mérito, com o
aumento das despesas do governo, depende do aval do Planalto, que poderá ser
comandado a partir deste mês pelo vice-presidente Michel Temer, em caso de
afastamento da presidente Dilma Rousseff.
A oposição criticou a manobra do PT. “Sabendo que vai
entregar o governo, fica com discursos diferentes. Agora quer fazer média”,
criticou deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), também ressaltou
que o mérito das propostas só será votado quando for oportuno.