Jornal Extra
- 12/11/2016
Brasília - O governo conseguiu engordar os cofres públicos
com R$ 46,8 bilhões arrecadados com a repatriação de dinheiro no exterior, mas
terá que gastar pelo menos R$ 59,8 bilhões, até 2019, para custear os reajustes
concedidos ao funcionalismo este ano. O impacto poderá chegar a R$ 71,4 bi, se
outros dois projetos de aumento — já aprovados em comissões especiais da Câmara
— forem aprovados no Congresso.
Sob a justificativa de que há previsão orçamentária, o
governo tem dado o aval aos dois projetos, mas aliados ressaltam a incoerência
de defender reajustes diante do esforço de aprovação da PEC que limita o teto
de gastos. Para conseguir avançar na pauta do ajuste fiscal, Temer usa a tática
de manter sob controle categorias que ameaçam fazer greve.
Os primeiros 11 projetos aprovados tiveram o aval do
Congresso e do governo Temer ainda no período de interinidade e antes da
votação do impeachment. Os dois que ainda estão tramitando — enviados em julho
deste ano — beneficiam carreiras importantes e sensíveis do funcionalismo, como
a Polícia Federal e auditores e analistas da Receita Federal.
O senador Ricardo Ferraço (PSB-ES), que deu parecer
contrário ao reajuste dos ministros do Supremo na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado, critica a aprovação de novos aumentos, com o aval do
governo. Segundo ele, a questão não é discutir a importância das categorias,
mas levar em conta o momento de crise econômica.
— Estamos votando a PEC do teto de gastos, não é momento de
dar aumentos. É coisa absolutamente contraditória, um sinal trocado. Será que o
que está acontecendo no Rio não é suficiente para o Congresso ver que temos que
dar um freio de arrumação? — criticou Ferraço.
(Isabel Braga, Bárbara Nascimento e Simone Iglesias - O
Globo)