sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Programa Pró-Equidade debate diversidade racial no serviço público


Agência Senado     -     11/11/2016




A mesa redonda Diversidade Racial no Serviço Público realizada nesta sexta-feira (11) tratou das diferentes formas de as empresas públicas aplicarem a cota racial em concursos públicos a partir da Lei 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas. Também foi discutido o papel das comissões verificadoras, criadas para comprovar a autenticidade das autodeclarações raciais dos candidatos concorrentes às vagas destinadas a afrodescendentes (20%).

Entre os debatedores, estavam representantes de órgãos governamentais como a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), subordinada ao Ministério da Justiça e Cidadania, os ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), das Relações Exteriores (MRE), o Banco do Brasil e a Universidade de Brasília – primeira do país a implementar a política de cotas em 2004.

Luana Vieira, assessora técnica da Seppir, afirmou que a reserva de vagas é um instrumento de democratização racial e que a secretaria trabalha para garantir a eficácia e a efetividade da lei. Ela destacou ainda a importância do controle social e a necessidade de articulação entre as diversas entidades e órgãos públicos para que a comissão verificadora faça “uma discriminação positiva”.

O professor da UnB, Ivair Augusto Alves dos Santos, disse que não basta aplicar a Lei de Cotas nas empresas públicas, nem somente combater as fraudes nas autodeclarações de candidatos. É preciso, principalmente, criar políticas e mecanismos nessas instituições para minimizar o preconceito e a discriminação sofridos por homens e mulheres negros.

Também professora da UnB, Edileuza Penha de Souza, enfatizou a dificuldade de os negros terem acesso à universidade, por entrarem cedo no mercado de trabalho. Ela própria só ingressou após sete vestibulares.

— Quando vim para a universidade em 2007, houve um caso de uma moça branca, de pais brancos, que admitiu em vídeo feito por estudantes de Comunicação que ela havia sido aconselhada no cursinho a se candidatar pela cota. Ela dizia para todo mundo que quisesse ouvir: “Vai. Se colar, colou. E assim eu entrei” — criticou.

Comissões verificadoras

Conforme explicou o diplomata Ricardo Kato Mendes, o Itamaraty evoluiu do critério de afrodescendência, em que se valia o critério genético, para a implantação do critério de 20% nas duas etapas do certame. Além disso, a comissão decidiu que os candidatos reprovados nas vagas cotistas poderiam continuar participando do certame pela ampla concorrência, ou seja, às demais 2 mil vagas do concurso de 2016. De um total de 100 candidatos cotistas, 22 foram eliminados por fraude.

— O que tem acontecido em todos os órgãos é uma evolução do processo. A lei, autorreguladora, não se concretiza assim. As experiências resultaram em grande aprendizado. Os mesmos procuradores [do Ministério Público Federal] que nos criticavam acabaram nos elogiando — relatou.

No Banco do Brasil, segundo informações de Wellington Johnny de Almeida, a comissão verificadora é constituída por cinco administradores, funcionários de carreira, com homens, mulheres, brancos e negros ou pardos. Os membros da comissão analisam a foto no computador sem qualquer identificação e somente no caso de os cinco avaliadores considerarem o candidato não descendente de negros ele é eliminado. Se apenas um julgar que a cor é negra ou parda, ele será empossado.

O encontro foi organizado pelo Comitê-Gestor do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça do Senado Federal, com apoio da Diretoria-Geral, da Secretaria de Gestão de Pessoas e da Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Para assistir à mesa redonda, acesse: 



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra