Portal R7 - 21/12/2016
Quem não estiver em dia com o INSS e o FGTS terá o pagamento
suspenso
O governo federal vai endurecer as regras de pagamento das
empresas de trabalhadores terceirizados que prestam serviços para a
administração direta, indireta e empresas estatais federais. Um mercado que
movimenta R$ 45,5 bilhões por ano e emprega 1,09 milhão de terceirizados em
todo o País, entre eles, seguranças, copeiros e faxineiros.
Portaria que será publicada hoje no Diário Oficial da União
fixa uma regra única para todo o setor público federal que impede o gestor de
fazer os pagamentos mensais do serviço contratado se a empresa de terceirizados
não comprovar que está em dia com o recolhimento dos direitos previdenciários e
trabalhistas dos seus funcionários, como FGTS, INSS, 13.º salário. O dinheiro
será retido e a empresa não vai receber o pagamento.
As empresas terão também de contratar um seguro de até 5% do
valor do contrato, limitado a dois meses do valor da folha. Esse seguro será
usado para os casos em que as empresas não cumprem os direitos trabalhistas,
por exemplo, nos casos de falência. O repasse de dinheiro para o pagamento de
licença maternidade, auxílio-doença (os 15 dias iniciais em que a empresa é
obrigada a arcar com o custo do trabalhador) e substituições só será feito a
partir de agora no fato gerador do benefício.
Hoje, o valor anual do contrato é dividido em 12 parcelas
mensais, sem levar em conta os pagamento. Isso faz com que as empresas, em
muitos casos, gastem antes o dinheiro e acabem não tendo recursos para pagar os
direitos trabalhistas e previdenciários. Há muitos casos em que o próprio
governo federal e as empresas estatais são acionadas na Justiça pelos
trabalhadores para honrar esses compromissos assumidos pelas empresas.
Sem vínculos
Pela legislação brasileira,
o setor público não pode contratar mão de obra, mas pode recorrer a serviços
terceirizados. Esses trabalhadores não têm qualquer vínculo trabalhista com
administração pública. O governo federal tem 90 mil empregados terceirizados a
um custo anual de R$ 5,5 bilhões e as estatais federais gastam R$ 40 bilhões
para empregar cerca de 1 milhão de terceirizados.
As novas regras são medidas de segurança financeira para
impedir que o setor público tenham que depois arcar com esses custos que seriam
das empresas. A regra geral evita também casos de contratos com desequilíbrio
financeiro contaminarem outros contratos de uma mesma empresa. “Os gestores
terão que fiscalizar se os direitos do trabalhador estão sendo pagos”, disse ao
Estado o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Gleisson Rubin.
Segundo ele, há casos em que a Justiça coloca o governo como
solidário em disputas trabalhistas. O secretário contou um caso emblemático que
ocorreu em Brasília, em 2013, quando uma única empresa que tinha 40 contratos
decretou falência deixando milhares de empregados terceirizados sem receber os
direitos rescisórios do contrato de trabalhado. As mudanças, disse ele, vão dar
mais segurança para os trabalhadores. “O seguro garante o pagamento quando a
empresa feche e não paga”, afirmou Rubin.
A portaria que será publicada hoje também exige a abertura
de uma conta vinculada em separado para os pagamentos referentes a férias, 13.º
salário e rescisão contratual. A medida evita que o dinheiro para o cumprimento
desses compromissos seja utilizado pela empresa para outra finalidade.
(Estadão Conteúdo)