ISTOÉ DINHEIRO -
04/01/2017
A Caixa Econômica Federal prevê poder economizar até R$ 1,5
bilhão por ano, a partir de 2018, com o plano de demissão voluntária (PDV)
desenhado para este ano. A ideia do banco estatal é conseguir o desligamento de
10 mil funcionários, ou quase 10% do total de empregados atual.
O banco ainda negocia com a União, sua controladora, os
detalhes do plano. Para incentivar a adesão, a Caixa deve pagar 10 salários
extras e garantir o plano de saúde por um tempo que ainda está em discussão -
neste período, se o funcionário reunir condições de se aposentar, o plano de
saúde fica pelo resto da vida. O PDV será oferecido a todos os funcionários, e
não apenas aos que já puderem se aposentar.
No último ano, a Caixa cortou o número de funcionários de
100,3 mil para 97 mil. No acumulado de janeiro a dezembro de 2016, o banco
gastou R$ 15,6 bilhões com pessoal, ante R$ 14,3 bilhões do mesmo período de
2015, crescimento de 9,2%. O impacto maior no gasto foi com o aumento do
salário dos funcionários, definido em convenção coletiva.
Eficiência
O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, colocou como
principal desafio do banco em 2017 melhorar a eficiência, reduzindo despesas e
aumentando a geração de receitas. O banco também monitora o desempenho de cem
agências deficitárias.
A Caixa foi usada nos últimos anos pelo governo do PT como
locomotiva do crédito no País, estratégia para impulsionar a atividade
econômica. Dessa forma, a instituição conseguiu aumentar sua participação no
mercado, mas essa expansão do crédito também provocou efeitos colaterais, como
o aumento do nível de calotes.
O alto número de agências deficitárias também é consequência
dessa política. Desde 2010, a Caixa abriu 1.329 agências. A análise da direção
do banco é que não se faz mais necessária toda essa estrutura, ainda mais com a
mudança dos hábitos dos clientes, que cada vez mais optam pelos serviços pelo
computador ou pelo smartphone.
Um empecilho para o fechamento das agências é o fato de as
unidades serem usadas para o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa
Família, mas a avaliação é de que esse serviço poderia ficar restrito às casas
lotéricas. O banco tem atualmente 4,2 mil agências e pontos de atendimento e 25
mil correspondentes Caixa Aqui e Lotéricos.
Para Eduardo Araújo, presidente do Sindicato dos Bancários
de Brasília, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o banco terá de
contratar novos funcionários para repor esses servidores que aderirem ao PDV,
senão haverá prejuízo no atendimento à população. "As agências da Caixa
têm forte atendimento social. Sempre estão cheias, com filas. Ainda mais agora,
com o saque das contas inativas do FGTS. Se não houver reposição, vai ficar
insuportável", afirma.
Banco do Brasil
No ano passado, o BB conseguiu a adesão de 9,4 mil
funcionários ao plano de aposentadoria incentivada que ofereceu a 18 mil servidores.
Para o pagamento dos incentivos - 12 salários mais indenização que variou de um
a três salários, a depender do tempo de serviço - o banco teve despesas de R$
1,4 bilhão em 2016. Para este ano, a estimativa de redução de despesas com
pessoal é de R$ 2,3 bilhões. Para aderir, o funcionário tinha de estar
aposentado pelo INSS ou ter 50 anos de idade e, no mínimo, 15 anos de banco.
Os Correios também vão oferecer PDV aos funcionários em
2017. O plano já foi aprovado pelo Ministério do Planejamento no fim do ano
passado. A expectativa é que entre seis e oito mil servidores deixem a estatal,
dentre os 13 mil que estariam em condições de aderir à saída voluntária da
empresa. O plano, antecipado pelo jornal "O Estado de S. Paulo",
prevê complementação salarial a ser paga durante oito anos aos servidores que
se desligarem.
De acordo com informações obtidas pelo Estado, os Correios
estimam que, se for bem-sucedido, o PDV trará economia de R$ 850 milhões a R$ 1
bilhão por ano para a estatal. A estatal tem como foco funcionários com mais de
55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentadoria.
Segundo os dados da empresa, os funcionários nessa faixa etária representam
pouco mais de 15% dos 117,4 mil empregados.
Para incentivar a adesão ao plano, a ideia é que a empresa
ofereça uma espécie de "salário demissão". Os funcionários que
aderirem ao programa vão receber uma parcela do salário por oito anos. O
porcentual ainda não está fechado, mas a expectativa é que fique em torno de 35%
para a adesão dos funcionários mais velhos: a partir de 58 anos. A partir daí,
o porcentual iria caindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Estadão Conteúdo)