Correio Braziliense
- 25/02/2017
É o maior fechamento de vagas para o período desde 2013,
apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua
A crise no mercado de trabalho atingiu o funcionalismo.
Diante do forte desajuste fiscal de municípios, estados e governo federal,
muitos contratos públicos não estão sendo renovados. E com volumes
insuficientes de receitas para ampliar o quadro de funcionários, o que se
observa é uma forte redução do número de trabalhadores no setor público.
É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Na passagem do trimestre encerrado em outubro para o
concluído em janeiro, foram eliminados 405 mil postos. É o maior fechamento de
vagas para o período desde 2013, apontam os dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar
Azeredo, atribui a queda ao encerramento de contratações em escolas públicas.
“É o efeito de muitos contratos temporários sendo concluídos”, disse. O volume
tão forte de fechamento de postos denota a crise fiscal nas três esferas do
poder, sustenta o economista Carlos Alberto Ramos, professor da Universidade de
Brasília (UnB).
O número sugere que vagas desocupadas no setor público
deixam de ser repostas pela falta de receitas dos governos. E tem um outro
fator que inibe as contratações, avalia Ramos: “os salários subiram muito e as
gestões públicas não têm mais verbas para repor”.
A depender do equilíbrio fiscal, o estancamento do quadro no
setor público pode demorar. Que o diga o administrador de empresa Sebastião de
Souza, 52 anos, que há quatro anos vive de bicos após a perda do cargo de
confiança em um órgão público. “Fui vendedor, motorista e até em exploração de
minério eu me envolvi”, afirmou. Atualmente, ganha uma renda média mensal de R$
2 mil. Bem abaixo dos R$ 7 mil que recebia no serviço público.
(Rodolfo Costa)