Contas Abertas
- 08/03/2017
No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher,
marcado pela luta por direitos iguais entre os gêneros. Além de ainda receberem
salários menores do que os homens, as mulheres também são minoria no mercado de
trabalho. No governo federal a situação não é diferente.
De acordo com o último boletim de pessoal da União, as
mulheres representam 46,3% da força de trabalho dos Servidores Públicos
Federais Civis Ativos do Poder Executivo. O percentual equivale a 269.894
mulheres do total de 582.728 servidores. Isso quer dizer que, no Executivo, trabalham
16% mais homens do que mulheres atualmente.
Há 10 anos, a situação era pior, mas não muito diferente. Em
2006, também de acordo com boletim de pessoal, as mulheres representavam 43,9%
do total de 527.856 trabalhadores do Poder Executivo. Dessa forma, àquela época
a força de trabalho masculina era 27,7% maior do que a feminina no governo
federal.
Quando analisados os ministérios, a diferença também é
bastante relevante. Nos 24 órgãos superiores detalhados no boletim de pessoal
do governo federal, 19 possuem mais homens do que mulheres a serviço. Apenas os
ministérios da Saúde, do Turismo, da Previdência Social, do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome e da Cultura possuem mais mulheres do que homens como
servidores.
Em algumas Pastas a diferença é gritante. O Ministério da
Justiça, por exemplo, possui 79,2% dos cargos para servidores ocupados por
homens. O percentual representa 25.945 servidores do gênero masculino contra
apenas 6.806 do gênero feminino. Os ministérios dos Transportes e da Agricultura
também possuem mais de 70% do efetivo ocupado por homens.
Desde o início do governo, Michel Temer vem sendo criticado
pela falta de mulheres para os cargos de confiança, como os de ministro. Desde
a ditadura militar, quando a primeira ministra foi nomeada, no início da década
de 1980, foi a primeira vez que um presidente não indicou uma mulher para os
gabinetes.
Luta
Neste 8 de Março, um grupo de mulheres faz uma greve
internacional em prol da igualdade de gênero e o fim da violência contra as
mulheres em mais de 50 países. No Brasil, já há eventos confirmados em mais de
60 cidades, entre elas 21 capitais.
A ideia da manifestação nasceu a partir do contato entre
manifestantes que fizeram protestos pela igualdade na Polônia e na Argentina
(Marcha Ni Una Menos) no ano passado. Elas escolheram o dia 8 de março para a
manifestação global pela importância da data de hoje, dia internacional da
mulher, celebrado em todo o mundo como o dia para relembrar a histórica luta
feminista.
Durante as manifestações da greve internacional das
mulheres, paralisações estão marcadas em todas as regiões do Brasil. Para as
mulheres que não podem parar a jornada de trabalho, os manifestantes pedem nas
redes sociais que elas dediquem uma hora do dia, chamada de Hora M, a ser
definida em cada cidade, para que conversem com as colegas de trabalho sobre as
desigualdades que afetam todas as mulheres.
Além disso, as mulheres que aderirem à campanha hoje
pretendem usar peças de roupa ou adereços da cor lilás, cor símbolo do
movimento feminista, ou ainda colocar bandeiras dessa mesma cor na janela de
imóveis ou nos carros.
Agressões
Pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública e divulgada nesta quarta (8), Dia Internacional da Mulher,
mostra que, no ano passado, 503 mulheres foram vítimas de agressão física a
cada hora no país. Isso representa 4,4 milhões de brasileiras (9% do total das
maiores de 16 anos). Se forem contabilizadas as agressões verbais, o índice de
mulheres que se dizem vítimas de algum tipo de agressão em 2016 sobe para 29%.
A pesquisa mostra que 9% das entrevistadas relatam ter
levado chutes, empurrões ou batidas; 10% dizem ter sofrido ameaças de apanhar.
Além disso, 22% afirmam ter recebido insultos e xingamentos ou terem sido alvo
de humilhações (12 milhões) e 10% (5 milhões) ter sofrido ameaça de violência
física. Há ainda casos relatados mais graves, como ameaças com facas ou armas
de fogo (4%), lesão por algum objetivo atirado (4%) e espancamento ou tentativa
de estrangulamento (3%).
Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
Samira Bueno, a violência é um "mecanismo de resolução de conflitos"
no país. "Somos uma sociedade em que a violência muitas vezes regula as
relações íntimas, que aposta na violência como um mecanismo de resolução de
conflitos. Por isso números tão altos de mulheres que sofrem violência física,
porque isso faz parte do cotidiano e desde muito cedo", afirma.