BSPF - 26/04/2017
Em uma clara mudança de postura em relação ao governo
petista, que na avaliação do Planalto era "complacente e tolerante"
com as greves que prejudicam a população, o presidente Michel Temer quer o
corte de ponto dos grevistas. A nova conduta, deixando de lado o que chamam de
"república sindicalista", foi acertada na segunda-feira, durante a
reunião de Temer com os ministros políticos, convocada para tratar da votação
das reformas. Na reunião, um dos ministros perguntou sobre como o Planalto
trataria o tema e o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, foi
contundente ao responder que "tem de cortar o ponto", no que foi
apoiado por Temer e os demais ministros.
O governo peemedebista tem ressaltado que "acabou a
tolerância dos 13 anos de governo petista" e avisou que já existe uma
decisão política de cortar ponto. Para tomar tal medida, o ministro Dyogo
justificou que já existem medidas administrativas para cortar o ponto e que não
precisam de novos decretos ou portarias. Além disso, o governo se baseia no
fato de que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) já validou o corte de
ponto de servidores públicos que decidirem entrar em greve e que os órgãos
públicos podem descontar os dias parados antes de uma decisão da Justiça que
considere a greve ilegal.
Na sexta-feira, 28, o presidente Michel Temer permanece em
Brasília e despachará normalmente no Palácio do Planalto. Os ministérios também
funcionarão, embora o trânsito na Esplanada vá ser fechado, com revista em
bolsas e sacolas de quem se dirigir para a região, a fim de evitar depredações
e atos violentos. A ideia é proteger também a Praça dos Três poderes, impedindo
que os manifestantes desçam para ela.
O governo quer evitar qualquer radicalização dos movimentos
porque não considera que isso seja bom para o Brasil. A avaliação é de que o
movimento será mais restrito às grandes cidades, não se configurando como uma
greve nacional. Mas todos reconhecem que haverá grandes transtornos para a
população, embora a manifestação fique restrita à sexta-feira e não se estenda
por outros dias.
Para o governo, muita gente vai faltar ao trabalho, não para
participar dos protestos, mas para ampliar o fim de semana prolongado. Por
isso, interlocutores do Planalto ressaltam que as adesões serão expressivas,
mas menos que o "desejado" pelos organizadores, porque os
sindicalistas parecem estar "descapitalizados" e sem capacidade de
manter mobilização por prazo mais longo.
Ao contrário das grandes manifestações, que costumam lotar a
Esplanada dos Ministérios, a intenção da greve geral convocada para a próxima
sexta-feira (28) é deixar a Esplanada vazia. A instrução do sindicato dos
Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF) é para que os
funcionários públicos permaneçam em suas casas.
"Quanto menos gente na Esplanada, melhor. A ideia é que
as pessoas fiquem em casa, até mesmo porque não vai haver transporte público
coletivo na sexta-feira. Queremos a Esplanada e a cidade vazia, pois é uma
greve de produção e circulação", afirmou o secretário-geral do Sindsep,
Oton Pereira Neves.
Segundo ele, a partir das 7h, haverá piquetes nas portas de
todos os órgãos federais na capital para o convencimento dos funcionários que
tentarem ir trabalhar. A previsão é de que poucas pessoas se reúnam a partir
das 10h no "Espaço do Servidor", localizado entre os blocos C e D da
Esplanada.
Fonte: Jovem Pan Online