O Povo Online
- 29/07/2017
São esperadas cerca de 500 pessoas representando pelo menos
30 entidades representativas, em Brasília, na próxima semana, para discutir
alternativas de resistência às medidas do presidente Michel Temer (PMDB)
Cerca de 30 entidades representativas dos servidores
federais se reúnem nos próximos dias 4, 5 e 6, em Brasília, para debater
estratégias de resistência às últimas propostas econômicas do presidente Michel
Temer (PMDB).
O grupo, liderado pela Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef), não descarta, inclusive, a oficialização de
uma greve como protesto contra pelo menos três pontos que o Palácio do Planalto
quer implementar.
Nos últimos dias, o governo anunciou um Plano de Demissão
Voluntária (PDV) que oferece indenização correspondente a 125% da remuneração
do servidor na data de desligamento multiplicada pelo número de anos de efetivo
exercício. A iniciativa, que busca reduzir gastos públicos com a folha de
pagamento, prevê uma economia de cerca de R$ 1 bilhão ao ano.
Devido à queda na arrecadação, a gestão do PMDB anunciou que
estuda adiar o repasse do reajuste aprovado em lei para o ano de 2018. Caso
seja adotada, a medida pode fazer reduzir os gastos de R$ 22 bilhões para R$ 11
bilhões.
Ontem, o governo iniciou uma discussão com líderes da base
aliada no Congresso Nacional para elevar a contribuição previdenciária dos
servidores de 11% para 14%.
Em entrevista ao O POVO, o secretário-geral da Condsef,
Sérgio Ronaldo da Silva, avisou que a resistência já ocorre na medida em que as
entidades orientam os servidores a não aderirem ao PDV por ser “uma furada”.
“Esse filme já passou e a fita quebrou antes do final, na
época da FHC (Fernando Henrique Cardoso). Os desavisados que aderiram ao PDV
até hoje se arrependem, não é exemplo a ser seguido”, disse.
Sérgio Ronaldo argumentou que o aumento nos rendimentos dos
servidores é “lei” e precisa ser cumprido. Sobre o possível aumento da
contribuição previdenciária, o secretário credita a movimentação à tentativa de
“tirar o foco do que está acontecendo no País para jogar a sociedade contra a
classe trabalhadora”.
“O governo está aí sendo acusado de corrupção. Esse conjunto
de maldades é para tentar tirar do foco as acusações que pesam ao conjunto de
ministros e ao próprio Executivo que está atolado de indícios de corrupção.
Cedo ou tarde eles vão ser penalizados pelo mal que estão fazendo o País. Eles
não vão colocar como bode expiatório o serviço público desse País”, criticou.
Procuradores
Senadores da base aliada do governo e da oposição afirmam
que não pretendem votar o reajuste de 16,3% para os procuradores da República
após o recesso parlamentar. Depois de ter sido aprovada na Câmara, uma proposta
de aumento semelhante à aceita pelo Conselho Superior do Ministério Público
Federal na terça-feira está parada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do
Senado desde o ano passado, sem prazo para ser analisada.
Enquanto o governo está cortando gastos para tentar
equilibrar as contas públicas, o conselho do MPF incluiu na proposta
orçamentária de 2018 o aumento do salário, que terá um impacto de R$ 116
milhões no ano. Além da resistência no Senado, a proposta enfrentará outra
dificuldade: a ministra Cármen Lúcia.