Joaquim Barbosa declarou que instituição é
"discriminatória"
BRASÍLIA - O porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar da
Silva Nunes, disse ser injusto negar a evolução do órgão no tratamento aos
negros e às mulheres que ingressam na carreira de diplomata. Segundo o embaixador,
o combate à discriminação ocorre tanto na fase de ingresso quanto nas promoções
ao longo da carreira. Em entrevista ao GLOBO, publicada na edição de domingo, o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa,
declarou que "o Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do
Brasil".
- A declaração (do presidente do STF) foi pessoal e não
quero adjetivar, comentar isso. Mas negar que houve evolução é injusto. O
julgamento sobre o Itamaraty deve reconhecer que houve evolução e que há
empenho do ministro (Antonio Patriota) em ações afirmativas - afirmou o
porta-voz.
Na entrevista, Barbosa disse ter sido eliminado
intencionalmente de um concurso do Itamaraty, por ser indesejado para a
instituição.
- Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista,
algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me
prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu
estou. Todos - declarou o presidente do STF.
Bolsa de estudo e cota
Segundo o porta-voz do Itamaraty, o combate à discriminação
ocorre em diversas fases da carreira e contempla aspectos de caráter sexual,
étnico e de gênero. O embaixador reconhece, no entanto, que a composição do
Ministério das Relações Exteriores ainda não reflete a realidade a sociedade
brasileira.
- Seria errado dizer que paramos no tempo. Mas ainda não
temos o ideal. O Brasil é de maioria afrodescendente. O Ministério das Relações
Exteriores ainda não tem essa maioria - disse o porta-voz do Itamaraty.
Tovar cita a concessão de bolsas de estudo para a preparação
de negros que pretendem ingressar na carreira - já foram concedidas 526 bolsas
desde 2002 - e a existência de cota de 10% das vagas na primeira fase do
concurso como instrumentos de combate à discriminação racial. Ao longo da
carreira, outras medidas são adotadas nessa direção, segundo o embaixador.
- Não adianta só entrar e ser tratado de forma
discriminatória. O ministro se empenha em eliminar qualquer tipo de
discriminação. Há um exercício de constante avaliação das promoções.
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