Irregularidades na área médica prejudicariam agentes que
estão adoecendo na profissão
Rio - O policial federal Ronaldo, agente especial há 17
anos, dispensado da corporação, se queixa de perseguição durante crise de
depressão.
Segundo o servidor, a Corregedoria da Polícia Federal (Coger) instaurou contra ele 12 processos administrativos, três sindicâncias e dois inquéritos. Seu nome real foi ocultado a pedido do agente.
Segundo o servidor, a Corregedoria da Polícia Federal (Coger) instaurou contra ele 12 processos administrativos, três sindicâncias e dois inquéritos. Seu nome real foi ocultado a pedido do agente.
Ronaldo foi demitido após ter pedido uma licença médica ao
Serviço de Inspeção Médica (Simed) com diagnóstico da depressão. O afastamento
chegou a ser homologado, mas os atestados — emitidos pela própria junta médica
— passaram a não ser mais aceitos. O Simed, então, segundo ele, abriu processo
administrativo para sua demissão por falta ao trabalho. Não teria mencionado
que ele estava de licença e, não teria dado informação sobre a ação em curso.
Ricardo conta que relatório chegou a ser elaborado pelo
delegado da Coger da época, constatando a “inobservância do dever funcional”
por parte do Simed. Mas após a publicação, o documento foi anulado e o delegado
por ele responsável, afastado do cargo.
Tratamento psicológico
Segundo pesquisa da Federação Nacional dos Policiais
Federais (Fenapef) feita com 2.630 servidores, 30,3% dos entrevistados se submetem
ou já fizeram tratamento psicológico ou psiquiátrico. Para denunciar a elevação
desse índices, cerca de 100 agentes da PF organizaram na terça-feira passada em
ato em homenagem às vítimas de assédio moral, suicídio e perseguições dentro da
instituição. Eles se concentraram em frente à sede, na Praça Mauá.
Agente fala em falta de assistência
O agente Ronaldo atribui o aumento dos casos de doença
psicológica ao não cumprimento da legislação de assistência ao servidor.
Segundo ele, a Coger e a Direção Geral da PF interferem na prática médica,
desviando médicos da função de assistência para funções periciais. A medida
tornaria mais difícil o acesso aos cuidados essenciais.
O Departamento da PF no Rio conta com um psicólogo para
atender 700 policiais. Nos últimos três anos, já são 12 casos de suicídio no
país, de acordo com o sindicato da categoria do Rio. Procurada pela coluna, a
PF ainda não prestou esclarecimentos sobre as denúncias.
Conheça outros casos
A.E., Brasília
O escrivão A.E. foi diagnosticado com câncer por um médico
da rede privada em 2006. Ele apresentou o laudo ao Simed para pedir a licença
e, em vez de constar o tratamento previsto nas normas internas, a junta médica
teria produzido documentos que subsidiavam sua demissão. Ele foi afastado do
cargo e entrou com ação na Justiça para ser reintegrado à corporação.
M.B., Minas Gerais
A agente M.B. teve os pedidos de licença médica indeferidos
e os atestados apresentados, considerados falsos. Ela respondeu a um inquérito
policial por falsidade ideológica. O parecer final do juiz determinou que a
licença era devida, os atestados, legítimos, e liberou a indenização por danos
morais.
M.S., Rio de Janeiro
M.S pediu licença médica e teria sofrido perseguições. Aluno
da Academia da PF, cometeu suicídio em 2011, depois da reabertura do inquérito
criminal que o investigava.
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