Vera Batista e Ana Carolina Dinardo
Correio Braziliense
- 01/08/2013
Funcionários do Dnit recebem contracheque de julho com
valores reduzidos. Eles estão parados desde 25 de julho. Aeroportuários fazem barulho nos aeroportos, mas voos se
mantêm dentro da normalidade. No HFA, atendimento está prejudicado
Apesar dos transtornos no trânsito, do atraso de obras
importantes de rodovias e do barulho provocado por manifestantes em alguns dos
principais aeroportos do país, o governo não cedeu um milímetro nas negociações
com servidores públicos e empregados de estatais que decidiram cruzar os
braços. No caso dos funcionários do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), em greve desde 25 de junho, a ordem do Palácio do Planalto
foi pelo corte de ponto. Muitos receberam os contracheques ontem com os valores
reduzidos.
“Essa foi mais uma estratégia do governo para nos fazer
recuar. Mas não vamos aceitar a truculência. Até porque o STJ (Superior
Tribunal de Justiça) já decidiu que o corte de ponto só deve ocorrer quando a
greve é ilegal. O que não é o nosso caso”, reagiu Luiz Heleno Albuquerque, do
comando nacional de greve do Dnit. Ele ressaltou que mesmo servidores de
férias, de licença-médica e de licença-maternidade tiveram descontos de dias
parados. A assessoria de imprensa do órgão e o Ministério do Planejamento
admitiram que a punição foi aplicada, mas não entraram em detalhes.
As pressões por aumento de salários e pela reestruturação de
carreiras se espalham pelo país. O primeiro dia da paralisação dos
aeroportuários, ontem, teve adesão de 75% dos 13 mil trabalhadores, nos 62
terminais administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero), segundo o sindicato nacional da categoria (Sina). Nos seis maiores
deles — Congonhas (SP), Galeão (RJ), Vitória (ES), Fortaleza (CE), Recife (PE)
e Salvador (BA) —, o apoio, de acordo com os grevistas, foi de 80%. Nos outros,
os índices variaram em torno de 60%, disse o presidente do sindicato da
categoria, Francisco Lemos.
Protesto
Em Brasília, cerca de 300 pessoas, conforme os organizadores
(120, nos cálculos da Polícia Militar) fizeram um ato de protesto e invadiram o
prédio administrativo da Infraero, enquanto Lemos conversava com a gerente de
Relações do Trabalho da Infraero, Anne Guimarães. Os manifestantes tentaram
participar da reunião, mas foram impedidos. As negociações não avançaram, e a
greve nacional continua. Hoje, os aeroportuários fazem assembleia, às 7 horas
da manhã. “Esperamos chegar em breve a um acordo, e que o governo, pelo menos,
nos dê a atenção que merecemos”, reforçou Lemos.
Sem acordo com a Infraero, os trabalhadores seguiram,
pacificamente, com faixas e gritando palavras de ordem, por 600 metros até o
saguão do Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek. Tomaram uma das faixas
da rua. O trânsito ficou lento. Eles reivindicam reajuste de 6,37%, mais 9,5%
de produtividade, programa de cargos e salários e o fim das privatizações.
Reclamam que os diretores ganharam mais de R$ 30 mil de participação nos lucros
e resultados (PLR), enquanto os servidores, cerca de R$ 500. Na terça-feira,
haverá audiência de conciliação.
Segundo a Infraero, nos locais onde a adesão à greve foi
maior, a empresa lançou mão do plano de contingenciamento “para reforçar as
equipes nos horários de maior movimento”. Até as 19h, o movimento nos
aeroportos, inclusive os privatizados — Brasília, Guarulhos (SP) e Viracopos
(Campinas) —, era normal. De 2,114 voos programados, 304 decolaram com atraso
(14,4% do total) e 103 (4,9%) foram cancelados. Pela manhã, houve problemas no
terminal Salgado Filho, em Porto Alegre, fechado por uma forte neblina.
Cerca de 50 servidores do Hospital das Forças Armadas (HFA)
saíram às ruas, pelo terceiro dia seguido, para cobrar a restruturação das
carreiras e o pagamento da gratificação — acordados na greve do ano passado e
não cumpridos pelo governo, segundo os sindicalistas. Ocuparam duas faixas da
Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), em frente ao Instituto de Medicina
Legal (IML), sentido Plano Piloto. “A greve só vai acabar depois de todos os
acertos”, afirmou o coordenador da sessão sindical do HFA, Alesandro Coatio.
TST impõe limites
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu ontem que os
controladores de voo não poderão participar da greve dos aeroportuárias,
iniciada ontem. Segundo o presidente do TST, ministro Carlos Alberto Reis de
Paula, 70% dos servidores das áreas de operação e segurança e 40% das demais
áreas deverão continuar trabalhando normalmente. O descumprimento da decisão vai
acarretar multa diária de R$ 50 mil contra o sindicato da categoria (Sina).
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