Rede Brasil Atual
- 23/09/2015
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal
diz que servidores não aceitam ser os vilões da crise. Para economista do
Dieese,juros e pagamento da dívida têm de entrar na conta do ajuste
São Paulo – Protestos em várias capitais marcam o
descontentamento dos servidores públicos federais contra o ajuste fiscal, o
congelamento dos salários e a suspensão de concursos e de direitos. Sérgio
Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef), diz que o principal objetivo é "dar um recado
claro para o governo de que o servidores públicos não são os vilões dessa
história, da crise financeira que o país atravessa.
Em entrevista hoje (23) à Rádio Brasil Atual, Sérgio relata
que os servidores públicos estavam em negociação com o governo federal, prestes
a chegar a um entendimento, quando foi lançado o pacote de ajuste que, dentre
outras medidas, adia a data do reajuste da categoria de janeiro para agosto.
"Estão concedendo 5,5%, nos impondo um arrocho, e ainda prorrogam para o
mês de agosto. Foi a gota d’água."
Patrícia Pelatieri, economista e diretora executiva do
Dieese, lembra que os servidores, apesar de terem assegurado o direito de
greve, não têm direito a negociação coletiva regulamentada. "Normalmente,
os servidores públicos têm que fazer greve para o gestor abrir o processo de
negociação", diz ela, explicando que as discussões devem endurecer.
Outro questão que vêm causando insatisfação e preocupação é
a decisão de suspender a realização de concursos públicos, aliado ao fim do
abono de permanência, quando um funcionário já em condições de se aposentar
opta por continuar trabalhando, com a isenção de 11% da contribuição
previdenciária como incentivo.
O secretário-geral do Condsef lembra que são cerca de 100
mil trabalhadores nessa condição, que já podem se aposentar. Ele cita também
dados do Ministério do Planejamento dando conta da existência de um déficit de
200 mil vagas no serviço público. Somados os contingentes, Sérgio Ronaldo prevê
um "apagão" no serviço público.
Patrícia concorda: "Se você não tem concurso público
para repor esses servidores, estamos falando então em um enxugamento gigantesco
da máquina pública. Muito provavelmente, nós teremos a falta de servidores em
todos os níveis, desde as universidades até o próprio atendimento direto à
população." Para ela, não se trata apenas de um ajuste temporário, mas uma
diretriz inspirada no modelo de estado mínimo.
"Quando se fala em ajuste fiscal, o governo está
olhando a conta, tirando o que se paga de juros e amortização da dívida. É como
se essa parte fosse intocada", critica Patrícia, e lembra que o
equivalente a 45% das receitas são destinadas para esse fim.