Paloma Savedra
O Dia - 06/06/2016
Com 36 sindicatos e 850 mil funcionários, Condsef articula
para conseguir a sanção das propostas de Michel Temer
Rio - Após a aprovação de 14 projetos que garantem reajuste
para o funcionalismo público federal, na quinta-feira, pela Câmara dos
Deputados, e mediante a sinalização positiva do Senado, entidades que
representam as categorias contempladas prometem manter pressão sobre o governo
do presidente interino Michel Temer (PMDB). A Confederação dos Trabalhadores do
Serviço Público Federal (Condsef) — que reúne 36 sindicatos e representa cerca
de 850 mil funcionários do Executivo Federal — já articula para conseguir a
sanção das propostas por Temer.
O plenário da Câmara aprovou, em tempo recorde, a
reestruturação de carreiras do Judiciário Federal, dos militares das Forças
Armadas, Legislativo e Executivo federais. Apenas o Projeto de Lei 7922/14, que
contempla a Defensoria Pública da União (DPU), ficou de fora, a pedido da
própria instituição, que aponta inconstitucionalidades em alguns dispositivos.
Mesmo dizendo “não reconhecer a legitimidade do governo
Temer”, a Condsef, que é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT),
ressalta que isso não impede a entidade de tentar negociar suas demandas com a
União, sobretudo quando estas são favoráveis aos servidores. “Nossa posição é
de não reconhecer um governo que não foi eleito pelo voto popular”, diz o
secretário de Administração da Condsef, Josemilton Costa (foto).
Votação a jato
Pouco depois da aprovação dos reajustes de servidores
federais, o presidente interino Michel Temer elogiou a rápida votação dos
projetos. Ele afirmou que o aumento do funcionalismo foi ajustado no governo
Dilma, quando todos os funcionários ansiavam pela reestruturação. Temer
agradeceu o empenho e o ritmo de atividades do Parlamento nas matérias.
O pacificador
Por trás da satisfação de Temer na aprovação dos reajustes,
há um objetivo: pacificar a relação do governo com várias categorias de
servidores. “É um aumento desejado há muito tempo e discreto, que quase não
cobre a inflação.É útil para o governo e para trabalhadores. Sem dúvida, a
aprovação levou em conta o cálculo político e o cálculo econômico”.
De olho na Câmara
Além da pressão que fará no Senado e no Executivo, a Condsef
ressalta que continuará com as atenções voltadas para a Câmara, a fim de
impedir a aprovação do Projeto de Lei Complementar 257/2016. A proposta trata
de renegociação da dívidas dos estados com a União, exigindo contrapartidas dos
estados que atingem o funcionalismo público.
Reajuste em xeque
Segundo Josemilton Costa, da Condsef, a renegociação pode
resultar em não concessão de aumento a servidores estaduais, entre outras
medidas. “Há orientação votar reajustes para distensionar o movimento de
servidores, mas não vai conseguir. Vamos transferir a pressão para impedir o
avanço do PL 257/16, que destrói o serviço público”, diz.