BSPF - 25/10/2016
Pelo discurso que ostenta e pela prática que exibe, o
governo Michel Temer pode ser considerado o maior opositor de si mesmo. Em
movimentos simultâneos, o Planalto mobiliza sua infantaria para concluir a
votação da emenda do teto dos gastos e libera seus apoiadores para aprovar um
projeto que faz subir no telhado a confiança no compromisso de austeridade. A
proposta concede reajustes salariais a um novo lote de servidores públicos.
Partidos do conglomerado governista esboçam um acordo para
aprovar até esta quarta-feira (26), no plenário da Câmara, projeto que engorda
os contracheques da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, dos peritos
agrários do Incra, dos analistas e desenvolvedores de políticas sociais e dos
servidores do velho e bom Dnit, órgão do Ministério dos Transportes que
(des)cuida das rodovias federais.
O projeto traz as digitais do próprio Temer. A exemplo do
que ocorreu em junho, quando a Câmara aprovou um pacote de 14 propostas com
mimos salariais para 38 corporações, alega-se que o novo governo apenas
avalizou reajustes que já haviam sido negociados por Dilma Rousseff. A emenda
do teto, a recessão e os 12 milhões de brasileiros que a crise desempregou
convertem esses avais de Temer em paradoxos perturbadores.
O grosso dos aumentos será dividido em três parcelas.
Estima-se que até 2019, devem criar despesas permanentes de cerca de R$ 3,094
bilhões por ano. Se tudo correr como foi planejado, o salário de um delegado da
Polícia Federal no ápice da carreira passará de R$ 22,8 mil para R$ 30,9 mil
por mês.
Fonte: Blog do Josias de Souza