Blog do Vicente
- 10/08/2017
Numa tentativa de mostrar que não está apenas preocupado em
aumentar impostos para fechar as contas, o governo deve anunciar, nesta
sexta-feira, um pacotão que vai atingir em cheio os servidores públicos. As
medidas serão apresentadas com o objetivo de reduzir as despesas do Executivo.
Além do adiamento dos reajustes dos servidores de 2018 para
2019, o que poderá resultar em uma economia entre R$ 9 bilhões e R$ 11 bilhões,
o governo anunciará a eliminação de cargos não ocupados, vai limitar o salário
de entrada no serviço público para R$ 5 mil e criar vários níveis de
remuneração das carreiras, como forma de premiar os melhores profissionais com
promoções.
A equipe econômica alega que o pacotão contém medidas não só
para reduzir as despesas de curto prazo. A meta é tornar a máquina pública, que
hoje está inchada e é caríssima, mais eficiente a médio e a longo prazos.
“Vamos reduzir gastos obrigatórios”, avisa um técnico.
Reação
Os servidores já estão em polvorosa, programando
manifestações contra o governo. Os sindicatos que representam as categorias
alegam que não aceitarão o adiamento dos reajustes, uma vez que tudo foi
acordado com o Ministério do Planejamento e aprovado pelo Congresso.
Os servidores dizem que reconhecem o momento difícil pela
qual passa a economia, mas asseguram que têm direito aos aumentos salariais,
que, na verdade, só repõem perdas que acumularam ao longo dos últimos anos. Não
seria justo, segundo eles, verem um compromisso sendo jogado no lixo.
O governo alega que não há saída. Todos devem dar a cota de
sacrifício. Em 2019, quando se espera uma retomada mais forte da economia e o
crescimento das receitas, será mais fácil retomar o pagamento dos reajustes
salariais. “Não se está suspendendo os aumentos de salários, apenas estamos
propondo o adiamento por um ano”, afirma um técnico.
O pacotão dos servidores está dentro das negociações para a
mudança nas metas fiscais neste ano e em 2017. O rombo de 2017 pode passar de
R$ 139 bilhões para até R$ 159 bilhões. E, o de 2018, de R$ 129 bilhões para
até R$ 150 bilhões.