Paulo Bernardo garante o compromisso de pagar os aumentos previstos para julho, mas diz que governo pode 'apertar mais o cinto'. E avisa: 'Caso haja deterioração nas receitas, teremos que conversar novamente'
Brasília - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o governo fará o possível para não adiar os reajustes salariais dos servidores públicos programados para julho deste ano, conforme previstos em medidas provisórias já convertidas em lei. “Conversamos [a equipe econômica] sobre isso. Temos programação de pagamento para julho deste ano e julho do ano que vem. Caso haja deterioração do orçamento, isso será revisto, mas até então o reajuste está mantido”, afirmou o ministro.
Os ânimos da equipe econômica mudaram por causa da melhora no cenário mundial. No último domingo, o presidente do Federal Reserve (FED), o banco central americano), Bem Bernanke, declarou que a recessão nos Estados Unidos “provavelmente” termina neste ano mesmo. Em rara mensagem dada ao povo americano desde que a crise começou em meados do ano passado, Bernanke mostrou-se mais otimista em relação à situação econômica americana.
Paulo Bernardo também reafirmou que vai manter os concursos públicos previstos e autorizados para 2009. Já outros que ainda não foram autorizados, como os da Receita Federal e Polícia Federal, vão atrasar, disse o ministro. As convocações dos que já foram realizados também serão adiadas. “Estamos tomando decisões caso a caso. Estamos conversando com os ministérios para saber sobre as reais necessidades de pessoal para fazer a programação das convocações. A lei permite a liberação de metade das vagas solicitadas. Vamos usar isso”, disse o ministro. O governo pretende economizar R$ 1 bilhão com a redução do número de vagas em concursos e nomeações.
Em dezembro de 2008, o governo brasileiro já estava preparado para adiar o reajuste dos servidores federais previsto para julho, conforme antecipou O DIA no dia 28 de dezembro. Naquela ocasião, o cenário da crise internacional era péssimo, sinalizando uma recessão profunda e duradoura.
O ministro Paulo Bernardo disse ainda que o corte “provisório e preventivo” de R$ 37,2 bilhões no orçamento desse ano, divulgado em janeiro, foi reduzido para R$ 21 bilhões - o que ainda não é definitivo – e disse que desconhece a informação que parlamentares divulgaram de que o corte seria de R$ 45 bilhões. “Fizemos o orçamento e o corte com muito zelo, mas prevemos que alguns outros cortes ainda deverão ser feitos, porque já esperamos receita reduzida”, alertou.
Segundo Paulo Bernardo a equipe econômica do governo está estudando como serão refeitos os cortes orçamentários dos Ministérios e os novos números serão apresentados no dia 30 de março. “Serão cortes no custeio e investimentos [sobretudo nas emendas parlamentares]. Será preservado apenas o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, disse.