quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ameaça de cruzar os braços


Correio Braziliense - 25/11/2010


Diante de reajustes improváveis, servidores do Judiciário e PMs esboçam greves

A declarada indisposição da nova equipe econômica para negociar reajustes salariais com as classes trabalhadoras causou reações imediatas das categorias preteridas. Servidores do Judiciário e do Ministério Público (MPU) fizeram manifestação ontem, na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), para cobrar do presidente da Corte, Cezar Peluso, a viabilização orçamentária e a aprovação no Congresso Nacional do reacerto salarial de 56%. Representantes de bombeiros e policiais militares, por sua vez, voltaram a dar indicações de que, se a PEC
nº 300 não for votada na Câmara, Dilma Rousseff pode iniciar o governo com uma greve nacional.

Servidores do Judiciário de sete estados — entre eles, Bahia, Alagoas e São Paulo — estão em greve desde 17 de novembro. Segundo o coordenador da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU, José Carlos Pinto de Oliveira, nos próximos dias, a paralisação pode ser geral se nenhuma negociação for encaminhada. O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário do Distrito Federal, Berilo Leão, disse que representantes da classe se reunirão na tarde de hoje com Peluso para terem um posicionamento oficial do presidente do STF sobre a possibilidade de apoio à aprovação dos Projetos de Lei
nº 6.613/09 e nº 6.697/09. “Nossa esperança é que os projetos sejam aprovados este ano porque são discutidos desde 2008”, comentou Leão.

Na opinião do primeiro-secretário do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União, Luis Alberto Bauer, houve muitas negociações e nenhuma resposta. “Ninguém oferece nada e deixa um vazio. Se nada acontecer, faremos uma paralisação nacional”, ameaçou.

Os ânimos também estão exaltados por parte dos policiais e dos bombeiros militares. O deputado estadual Olímpio Gomes (PTD-SP) crê que o impasse “pode desencadear a maior greve da história” e criar um desgaste que poderia ser evitado com a aprovação da PEC nº 300. Na avaliação de Ricardo Jacob, vice-presidente da Associação dos Oficiais da Reserva de São Paulo, os baixos salários obrigam os PMs a fazerem bicos para complementar o orçamento. “É uma vergonha ganhar R$ 1.800 e gastar mais de um terço para pagar um aluguel”, protestou Jacob.

Contraponto
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que teve a continuidade no governo confirmada ontem (leia mais na página 6) reforçou o tom da nova equipe econômica ao dizer que considera inacreditável o debate sobre a possibilidade de ser aprovada a PEC nº 300, pois representaria um gasto anual de R$ 46 bilhões, dos quais R$ 30 bilhões seriam responsabilidade dos estados. “Acho que quando se votam coisas como essas, é preciso olhar o Orçamento”, disse. Sobre a reivindicação de reajuste de 56% do salário de servidores do Judiciário, Bernardo qualificou de “meio delirante”.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez coro com o colega do Planejamento e disse que os pleitos dos funcionários públicos não serão atendidos pois são considerados por ele uma ameaça à política fiscal e à estabilidade econômica do país.



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