Agência Brasil
- 21/06/2013
Brasília - Um dia depois do protesto que reuniu cerca de 30
mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, a depredação do prédio onde funciona
o Ministério das Relações Exteriores – invadido ontem (20) por um grupo de
manifestantes – assustou os servidores
que chegaram para trabalhar manhã de hoje (21). Alguns moradores de Brasília
estiveram no local para conferir os estragos.
Ao descer do ônibus em frente ao Ministério do Trabalho e
Emprego, a servidora pública Daniley Monteiro, 38 anos, precisou desviar dos
vidros estilhaçados espalhados pela calçada. A estrutura que abriga os
passageiros à espera dos coletivos ficou totalmente danificada. A cobertura de
metal foi quebrada, assim como as paredes de vidro. Uma placa informando o
limite de velocidade da via e tombada ao lado do ponto de ônibus completa a
cena de depredação ao patrimônio público, ocorrida na noite anterior.
"Que horror, nunca vi destruição nessa proporção aqui
na Esplanada. A manifestação do povo, claro, é válida, mas esse tipo de coisa é
lamentável, afinal quem vai pagar pelo conserto somos nós mesmos, com nossos
impostos", disse.
O oficial de Justiça Marco Antônio Vieira, 48 anos, também
lamentou o que viu na manhã de hoje ao chegar à Esplanada. "É triste ver
esse tipo de coisa. A gente chega para trabalhar e encontra o patrimônio do
povo depredado por um grupo minoritário que estraga o brilho da manifestação
democrática. Já acompanhei muitos protestos, mas nunca com esse nível de
destruição", disse.
Com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço, a
socióloga Jeane Rodrigues, 35 anos, foi até o Palácio do Itamaraty na manhã de
hoje (21) registrar o ocorrido. No local, que foi alvo da ação de manifestantes
mais exaltados, funcionários retiravam estilhaços dos vidros. Durante o
protesto de ontem, um grupo também ocupou o espelho d'água em frente ao
edifício, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, e houve princípio de
incêndio na parte externa.
"Vou postar essas fotos no meu Facebook e me posicionar
contra esse tipo de atitude totalmente desnecessária de um grupo de vândalos. É
revoltante porque tanta gente está mobilizada para protestar pacificamente e
essas pessoas tiram o foco da manifestação legítima", disse.
Para avaliar os estragos e estimar os prejuízos, peritos da
Polícia Federal estiveram no Itamaraty nesta manhã, para fazer uma análise
técnica. O laudo deverá ficar pronto em até cinco dias. O ministro das Relações
Exteriores, Antonio Patriota, criticou as ações e se disse "muito
indignado". "Este [prédio] é um um patrimônio da nação brasileira, um
patrimônio público, que representa a busca do entendimento pelo diálogo, com
base no direito. Este foi um ato de vandalismo que não pode se repetir”, disse
por intermédio da assessoria de imprensa.
Já no gramado da Esplanada, em frente ao Congresso Nacional,
enquanto equipes do Corpo de Bombeiros ainda faziam rescaldo de focos de
incêndio, um pequeno grupo de alunos da Universidade de Brasília (UnB) ajudava
na limpeza. Usando vassouras, pás e sacos de lixo, eles catavam latinhas de
refrigerante e de cerveja, garrafas de água e pedaços de papel.
"Viemos fazer a nossa parte e ajudar um pouco a limpar
essa área que, infelizmente, foi alvo de atos de vandalismo, com atitudes
ridículas. As pessoas têm que entender que esse tipo de coisa não ajuda em nada
nas negociações com o governo, só enfraquece o movimento", lamentou o
estudante de biologia Gian Rech, 20 anos.
Além dos danos causados ao Palácio do Itamaraty, houve
pichação em muros de ministérios e em uma porta da Catedral Metropolitana, que
também teve um vitral rachado. A catedral é um dos principais cartões-postais
da capital federal. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), o monumento de Oscar Niemeyer foi reaberto à visitação no fim
do ano passado, após passar por reforma, que incluiu a restauração dos vitrais.
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