Cristiane Bonfanti
O Globo - 23/06/2013
Funcionários do Dnit prometem iniciar na terça-feira uma
greve que prejudica obras do PAC
BRASÍLIA - Depois de uma explosão de greves no ano passado,
os servidores públicos federais se preparam para pressionar novamente o governo
em busca de reestruturações de carreira e reajustes salariais. Embora em número
bem menor que os 250 mil trabalhadores que cruzaram os braços em 2012, sindicatos
que não fecharam acordo com o Ministério do Planejamento querem negociar e
prometem paralisar áreas estratégicas do país, caso não sejam atendidos.
O primeiro recado foi dado pelos servidores do Departamento
Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), que aprovaram greve por tempo
indeterminado a partir de terça-feira. Querem que sua carreira seja equiparada
à das agências reguladoras e não vão poupar nem projetos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Entre os que não chegaram a um consenso com o
governo estão também os servidores das agências reguladoras, Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM), agentes da Polícia Federal e peritos
federais agrários.
"caminho é o diálogo"
O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, diz que há 20 mil
servidores não atendidos.
- O governo finge que recebe a gente, mas não encaminha as
propostas. Por isso, os servidores do Dnit vão entrar em greve. Se não houver
acordo, vamos incentivar outras categorias (a paralisar).
O diretor jurídico do Sindicato Nacional das Agências
(Sinagências), Nei Jobson, diz que, num primeiro momento, a categoria quer
dialogar, e há uma reunião marcada com a Secretaria de Relações do Trabalho do
Planejamento para terça-feira. O pedido é salário no patamar do de carreiras
como as de Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários.
- Tudo vai depender dessas reuniões. Mas não descartamos uma
greve - diz.
Na Aneel desde 2005, o analista administrativo Ricardo
Pereira acha que as expectativas para o ano não são as melhores.
- Não temos tanta confiança de que haverá acordo, pois
reuniões foram adiadas e não foi aberto um diálogo de fato.
O Ministério do Planejamento informou que as negociações
estão abertas e que "as pautas estão sendo cumpridas de acordo com o
cronograma estabelecido nos acordos firmados no ano passado". O órgão
ressaltou que Secretaria de Relações do Trabalho tem reuniões em andamento, mas
as propostas que o governo pode oferecer continuam em torno de um aumento de
15,8%, semelhante ao que foi colocado na mesa no ano passado. O Planejamento
disse ainda que não tem ingerência sobre a decisão de uma categoria iniciar uma
greve e que, mesmo com a mobilização do Dnit, seguirá o calendário de reuniões
com os sindicatos.
Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor
de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap),
o caminho para o governo é o diálogo.
- Imagine se os servidores resolvem fazer um enfrentamento
como o realizado com essas manifestações (que estão ocorrendo no país).
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