sábado, 13 de julho de 2013

Itamaraty prorroga investigação de cônsul


Juliana  Colares
Correio Braziliense      -      13/07/2013




Sem dar detalhes sobre o motivo, o Ministério das Relações Exteriores prorrogou o prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar (PAD) instaurado para apurar as denúncias contra o ministro de primeira classe, Américo Dyott Fontenelle, e o conselheiro Cesar de Paula Cidade.

O prazo inicial de 60 dias foi ampliado por igual período. Os dois foram acusados de assédio moral contra funcionários do consulado do Brasil em Sydney, na Austrália, onde Fontenelle era cônsul-geral e Cesar Cidade, cônsul adjunto. O primeiro também foi denunciado por funcionários por suposta prática de assédio sexual e de homofobia (ódio contra homossexuais). Ambos foram removidos dos cargos pelo Itamaraty.

O PAD está na fase de instrução, a primeira do inquérito. Na prática, a dilatação do tempo de investigações não só amplia o período para coleta de provas como dá mais tempo para a preparação da defesa. O processo administrativo foi instaurado em 6 de maio e, inicialmente, tinha previsão de conclusão em 5 de julho. Agora, vai até o início de setembro. Em resposta ao questionamento sobre as razões da prorrogação, o MRE, por meio da assessoria de imprensa, afirmou apenas que chegou à conclusão de que “as circunstâncias” exigiam a medida.

“Em regra, os estatutos preveem uma prorrogação por igual período. E se esse for insuficiente, edita-se Portaria de Continuidade, em face da excepcionalidade do caso.

Há sempre a possibilidade de se contar com essas exceções, tais como perícias de toda ordem, e diligências junto a outros órgãos”, informou o ministério. “A prorrogação é medida costumeira nas corregedorias de todas as unidades administrativas, e não implica prejulgamento em um ou outro sentido (ou seja, não tem nada a ver com a condenação ou absolvição do arguido)”, declarou o Itamaraty.

Quando lutavam pela abertura do PAD, oito funcionários do consulado do Brasil em Sydney elaboraram um abaixo-assinado, no qual resumiram o que contaram ao embaixador Roberto Abdalla, enviado no início do ano à Austrália para averiguar as denúncias. “Cada um de nós pôde descrever um ambiente de trabalho repleto de assédios moral e sexual, abuso de autoridade, humilhações, perseguições, racismo, homofobia, maus tratos contra cidadãos brasileiros no balcão de atendimento do consulado, além de todo tipo de pressão, perpetrados, sistematicamente e diariamente, por mais de dois anos e meio, contra os funcionários locais”, informa trecho do documento.

Em 2007, quando era cônsul-geral do Brasil em Toronto (Canadá), Fontenelle também foi denunciado por assédios moral e sexual, além de homofobia. A sindicância instaurada pela Corregedoria do Serviço Exterior para apurar o caso acabou arquivada. Em agosto daquele ano, o órgão publicou portaria afirmando que “apesar de ter havido elementos testemunhais relevantes, permaneceram dúvidas razoáveis sobre a efetiva ocorrência dos fatos”. Nunca houve punição por assédio moral no MRE.

Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra