Agência Brasil
- 05/08/2013
Rio de Janeiro – Policiais federais protestaram hoje (5)
contra a precariedade de serviços sociais e da saúde, o assédio moral dentro da
corporação e o veto presidencial ao Projeto de Lei (PL) 244, que reconhece o
papiloscopista como perito. A manifestação começou na Praça Mauá, em frente à
sede da Polícia Federal (PF), e seguiu até a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj), onde os policiais acompanharam audiência pública para discussão de
melhorias na estrutura da PF. A passeata e a audiência fazem parte da
paralisação de 24 horas iniciada pelos policiais federais na madrugada desta
segunda-feira.
Cerca de 200 agentes carregavam faixas e vestiam blusas
pretas com suas reivindicações escritas com tinta amarela. Um elefante branco
inflável, representando a campanha contra a burocracia no sistema de
investigação policial, era conduzido por um carro. Em frente à Alerj, os
manifestantes soltaram aproximadamente 200 balões em preto e amarelo, cores da
PF. Duas viaturas da Polícia Militar e uma da Guarda Municipal acompanharam a
passeata.
Para a presidenta do Sindicato dos Servidores do
Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro, Valéria Manhães, o
modelo brasileiro de investigação, que é de 1940, precisa ser renovado, porque
não atende à modernidade. "O crime se modernizou, mas a investigação
continua a mesma. Pouco é alcançado. Somente 10% dos inquéritos policiais são
elucidados."
De acordo com Valéria, até o momento, 60% dos policiais
federais aderiram à paralisação. Ela disse que a população pode ficar
tranqüila. pois os serviços essenciais estão mantidos. "Os serviços
mínimos estão mantidos. Este é o início de paralisações [da categoria] no
Brasil inteiro.”
Valéria explicou que a paralisação faz parte de um
calendário nacional, que está sendo seguido. "Primeiro, houve
manifestações aqui [no Rio] e haverá paralisações em vários estados. Precisamos
também mostrar para a sociedade civil a forma de investigação criminal usada no
Brasil, que não atende mais aos anseios, à modernidade.”
O vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais, Luiz Antonio de Araújo Boudens, disse que a manifestação busca um
modelo mais eficiente de investigação. “O elefante branco simboliza essa
burocracia. Todas as investigações hoje começam no papel, no meio delas, tem
papel e, no final delas, tem papel. Então, é totalmente cartorializada. O
objetivo desta manifestação é discutir um modelo mais eficiente para que as
investigações caminhem diretamente para o Ministério Público e este faça a
denúncia.”
Agentes, escrivães e papiloscopistas entraram em greve em
agosto do ano passado. Em setembro, em ato nacional, os policiais federais
pediram a reestruturação da carreira de nível superior. Em outubro, após 70
dias de greve, os policiais, mesmo sem acordo com o Ministério da Justiça,
suspenderam a greve.
Até o fechamento desta matéria, o Ministério da Justiça não tinha
se posicionou sobre a paralisação dos policiais federais.
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