terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cargo na empresa? Só com QI


Antonio Temóteo
Correio Braziliense     -    10/02/2015




Quando o assunto é indicação para cargos na Petrobras, os políticos não economizam. Conforme o representante dos empregados no Conselho de Administração da estatal, Sílvio Sinedino, até para conseguir um posto no chão de fábrica da companhia é necessário respaldo do governo ou de entidades sindicais ligadas ao Executivo - o famoso QI, quem indica. Especialistas criticam a metodologia de escolha de gestores para a empresa e avaliam que o processo deveria levar em conta a qualidade técnica dos candidatos.

Em vídeo postado ontem no site que mantém para informar os empregados da petroleira sobre as deliberações do colegiado, ele afirmou que a Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), possui ex-coordenadores em funções de gerência e coordenação. Sinedino perdeu a eleição interna e em abril deixará de representar os funcionários no conselho. "Espero que meu sucessor tenha uma postura independente, se é que é possível, já que a FUP tem muitos interesses nas gerências da Petrobras."

Durante a campanha para escolher o novo representante dos petroleiros, a entidade divulgou um manifestou intitulado Por que os trabalhadores não devem votar em Sílvio Sinedino. Mas as disputadas por poder na estatal vão além das brigas sindicais. O chefe da Diretoria Corporativa e de Serviços, José Eduardo Dutra, foi presidente do PT e já comandou a estatal no primeiro mandato do governo Lula. Além dele, Paulo Otto Von Sperling, chefe da Ouvidoria-Geral, trabalhou com Dutra e José Dirceu, no Congresso Nacional (veja quadro).

O consultor da Interact Energia Rafael Herzberg destacou que a escolha de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras deve manter o esquema de cotas políticas em vários cargos. "Ele próprio é uma indicação política. Sua nomeação foi feita para blindar o governo e manter as cotas. Ele pode até tentar disfarçar isso, mas não terá condições de fazer a limpeza necessária", afirmou. Para ele, o ex-presidente do Banco do Brasil tem a missão de proteger os demais indicados.

Na opinião de Herzberg, o governo é responsável pela sucessão de problemas identificados na estatal. Ele destacou que o Executivo poderia mudar e indicar técnicos qualificados com algum distanciamento do poder público para os cargos, mas, optou pelo caminha inverso, quando escolheu para Petrobras um aliado próximo, cumpridor de ordens, incumbido de blindar o poder central das investigações."


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