Rede Brasil Atual
- 22/09/2015
Protestos vão ocorrer em várias capitais, contra o ajuste
fiscal, cortes no Programa Minha Casa, Minha Vida, congelamento de salários dos
servidores e suspensão de concursos públicos
São Paulo – Movimentos sociais e servidores públicos
federais vão às ruas de várias capitais brasileiras na quarta-feira (23) contra
o ajuste fiscal e os cortes no Orçamento propostos pelo governo federal. O
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) vai protestar contra os cortes no
Programa Minha Casa, Minha Vida e reivindicar que sejam criados impostos sobre
grandes fortunas, heranças, lucros e dividendos, além de maior progressão no
Imposto de Renda. Os trabalhadores federais se manifestarão contra o congelamento
salarial e a não realização de concursos públicos.
Os sem-teto vão realizar marchas e parar avenidas em
Brasília, São Paulo, Goiânia, Belo Horizonte, Recife e Natal. Na capital
paulista, a manifestação terá início às 9h, com concentração no Metrô Luz. O
principal foco dos sem-teto é o corte de R$ 4,8 bilhões no programa Minha Casa,
Minha Vida, anunciado no último dia 14, somado à suspensão de contratações da
modalidade Empreiteiras – que responde por 98% da verba do programa – neste
ano.
“Vamos seguir cobrando que o governo federal cobre a conta
da crise dos mais ricos”, afirmou Josué Rocha, coordenador do MTST. Taxação de
grandes fortunas, de heranças e de lucros dos acionistas são a principal
proposta do movimento para enfrentamento da crise. Segundo estudo realizado
pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), se os lucros fossem
taxados em 15%, por meio do Imposto de Renda, o governo federal arrecadaria R$
43 bilhões em 2016.
Já os servidores pretendem paralisar os serviços federais
durante todo o dia. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal
(Condsef) ainda não informou quais cidades terão atos, mas é certo que haverá
protestos na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Algumas categorias já estão em greve como carteiros e
professores de universidade e institutos federais. Entre os impactos dos cortes
para os trabalhadores está o congelamento dos salários. Segundo a Condsef já
havia sido acordado com os servidores um reajuste de 10,8% em dois anos com
pagamento a partir de 1º de janeiro de 2016. O objetivo do governo é poupar R$
1,5 bilhão do orçamento.
Os servidores também protestam contra a suspensão de
concursos públicos e o fim do abono de permanência – incentivo que permite aos
trabalhadores deixar de pagar os 11% de contribuição previdenciária sobre os
vencimentos, imposto aos aposentados. Segundo a Condsef, 100 mil servidores da
ativa em condições de se aposentar, mas que permanecem trabalhando, podem
deixar os postos de trabalho.
O secretário-geral da Condsef, Sérgio Ronaldo da Silva,
defendeu que não há o que negociar nesse ataque. “Não há como melhorar o que é
muito ruim. Nossa luta agora é para que seja rejeitado no Congresso nacional. É
lamentável num país em que temos 200 mil cargos vagos no funcionalismo, segundo
o próprio Ministério do Planejamento, termos diminuição em vez de aumento.
Somente para 2016, estavam previstos 40 mil concursos, que foram cancelados. O
resultado é a queda ainda maior da qualidade dos serviços prestados à
população”, disse.