Vera Batista
Correio Braziliense
- 24/09/2015
Com divisão entre as categorias, poucos funcionários
públicos saem às ruas. Passeata na Esplanada é cancelada
O congelamento dos reajustes salariais, a suspensão dos
concursos públicos e o fim do abono de permanência não foram suficientes para
sustentar as manifestações do Dia Nacional de Luta, marcado para ontem, pelo
Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe).
O movimento começou dividido, pois várias carreiras
decidiram não participar e aguardar a continuidade das negociações salariais
com oMinistério do Planejamento. Assim, não houve o comparecimento em massa de
manifestantes que esperavam os organizadores.
Apenas cerca de 200 servidores federais atenderam ao chamado
para o ato em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília, por volta das 9h.
Grande parte deles eram funcionários administrativos e docentes das
universidades, em greve há quase quatro meses pela falta de reajuste salarial.
A maioria do funcionalismo, no entanto, não paralisou as
atividades. Alguns apenas aproveitaram a hora do almoço, ou o café da manhã,
para se reunir em assembleia na porta dos órgãos em que trabalham, como
aconteceu com os funcionários do Banco Central e com os delegados da Polícia
Federal.
A passeata programada para as 10h30, do Ministério da
Fazenda ao Ministério do Planejamento, a 500 metros dali, acabou sendo
cancelada. Nem mesmo o documento com críticas ao pacote de ajuste fiscal foi
protocolado.
Otimista, Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da
Confederação Nacional dos Servidores Federais (Condsef), destacou que “o recado
(ao governo) foi dado”. “Conseguimos demonstrar nossa insatisfação”, afirmou.
Poucos representantes das carreiras de estado estavam
presentes. Auditores da Receita Federal e do Ministério do Trabalho fizeram
discursos contra o rumo que a equipe econômica está dando à política fiscal.
Fusão
A fusão de ministérios complicou ainda mais a auditoria fiscal
do trabalho. Por isso, é importante nos organizarmos para esclarecer à
sociedade sobre o que está acontecendo”, reforçou Carlos Silva, diretor do
Sindicato Nacional dos Auditores do Trabalho (Sinait).
Para os fiscais federais agropecuários, mais importantes que
reajuste são a reestruturação da carreira, a continuação dos concursos públicos
e a ascensão por meritrocaria.
“Na última sexta-feira, fomos chamados a uma reunião na qual
o representante do Planejamento não conhecia nada sobre a classe. Sequer sabia
que estávamos em greve”, reclamou Oscar Rosa, diretor da Anffa, o sindicato da
categoria.