Agência Brasil
- 21/05/2016
Após uma série de críticas de setores da sociedade e da
classe artística, o Ministério da Cultura será recriado. A decisão do
presidente interino Michel Temer foi confirmada pelo ministro da Educação,
Mendonça Filho. O ministro da pasta será Marcelo Calero, que já havia sido escolhido
para chefiar a área de cultura quando ainda se pensava nela como uma secretaria
vinculada ao Ministério da Educação (MEC). A medida provisória que trata da
recriação da pasta será publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira
(23). A posse de Calero está prevista para terça-feira (23).
A decisão foi tomada após uma conversa de Temer com Mendonça
Filho. O presidente expôs sua vontade de recriar a pasta recém-extinta e pediu
a opinião do ministro. Mendonça Filho, então, concordou. “É um gesto no sentido
de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira”, disse o
ministro, em nota divulgada hoje (21) pelo MEC no Facebook.
Na mesma nota, Mendonça Filho confirmou o nome de Calero
como ministro. “Com Marcelo Calero, vamos trabalhar em parceria para
potencializar os projetos e ações entre a educação e a cultura”. Calero
chefiava, desde o ano passado, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de
Janeiro. Ele tem 33 anos e ingressou na carreira diplomática no Itamaraty em
2007.
Críticas e pressão da classe artística
Desde que assumiu interinamente a Presidência da República,
em 12 de maio, e anunciou a extinção do Ministério da Cultura, Temer recebeu
críticas de personalidades e grupos ligados à produção cultural. No dia de sua
posse como ministro, Mendonça Filho chegou a garantir uma política cultural
forte, mesmo com a fusão da Cultura e do MEC. “Você pode ter dois ministérios
com pouca força e também pode ter duas áreas fundamentais como cultura e
educação andando mais fortalecidas”, disse na ocasião.
Mesmo após as declarações, as críticas continuaram, e a
pressão pela volta do Ministério da Cultura não diminuiu. Durante encontro com
servidores da Cultura, no dia 13 de maio, Mendonça Filho foi vaiado. “Me
explica, por favor, como acaba um ministério sem falar com servidor”, gritavam
em coro. Durante o seu discurso, o ministro foi interrompido várias vezes pelos
protestos.
Na Bahia, também houve atos contrários à extinção do
ministério. Manifestantes ocuparam o escritório do Ministério da Cultura em
Salvador. Cineastas brasileiros também criticaram a extinção do ministério no
tradicional Festival de Cannes. “A extinção do Ministério da Cultura deixou
todo mundo em alerta, a gente não faz ideia do que pode vir por aí, e os sinais
que têm chegado a nós não têm sido bons”, preocupou-se o cineasta pernambucano
Fellipe Fernandes, que exibiu seu curta, O Delírio É a Redenção dos Aflitos, no
festival francês.