Diario de Pernambuco
- 01/05/2016
Beneficiários de instituições de autogestão vão ter que
bancar custos acima da inflação
Os participantes de planos de saúde de autogestão -
administrados diretamente por empresas, fundações e caixas de assistência -
podem preparar o bolso. O aumento contínuo dos custos acima da inflação e a paulatina
redução do patrimônio das instituições reforçam a tendência de elevação das
mensalidades para que o atendimento aos associados possa ser mantido. Foi o que
aconteceu, por exemplo, com a Geap, principal operadora dos servidores públicos
federais, que reajustou as contribuições em 37,55% no ano passado, depois de
uma alta de 14,62% em 2014.
Planos de autogestão podem ser subsidiados pelas empresas
patrocinadoras - Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras, por
exemplo - ou por rateio entre os participantes. Todos eles têm como uma das
maiores preocupações, no momento, a elevação dos custos de procedimentos
médicos, por conta do uso de tecnologias mais complexas e da alta do dólar e da
energia elétrica.
A situação vem se agravando desde 2007. Mas em 2015, pela
primeira vez nos últimos cinco anos, os resultados financeiros do setor
despencaram. As receitas de contribuições caíram para R$ 12,25 bilhões, ante R$
14,81 bilhões em 2104. Enquanto isso, as despesas assistenciais baixaram de R$
13,74 bilhões para R$ 11,75 bilhões, segundo a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), órgão que regula o setor. A se manter a atual conjuntura, de
aumento no desemprego, juros elevados e alta do custo de vida, os 5,4 milhões
beneficiários dessa modalidade no país serão chamados a pagar parte da conta.
A tendência é de paulatina redução do patrimônio das
entidades, com o consequente aumento nos valores das mensalidades, e de redução
na oferta de procedimentos médicos, na avaliação de Luiz Carlos Cotta, diretor
da Comissão Técnica Nacional de Planos de Autogestão em Saúde, da Associação
Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
Em 2012, a Abrapp calculou que, em seis anos, a inflação
médica acumulada foi de 118%, contra 46% do IPCA. "Em 2015, a inflação
oficial foi de 10,6%; a médica chegou a 20%", lembrou Cotta. "E as
operadoras não obtêm, hoje, a rentabilidade de antes nas aplicações
financeiras"