sexta-feira, 24 de junho de 2016

Reajuste dos servidores já estava fechado, diz ministro


Jornal do Commercio     -     24/06/2016




Segundo o titular da Fazenda, aumento é menor do que a inflação

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, recusou a ideia  de que o governo dá sinais contraditórios sobre o propósito de  conter gastos e, ao mesmo tempo, conceder reajustes ao funcionalismo e renegociar a dívida  dos estados.  Segundo Meirelles, o reajuste  do funcionalismo prevê uma correção abaixo da inflação e já havia sido acertado no governo anterior. "Qual a razoabilidade de  bloquear isso a qualquer custo  quando temos coisas maiores entrando no pipeline? Esse aumento é menor do que a inflação, e os  gastos com pessoal vão cair em  termos reais (descontada a inflação) pela primeira vez em muitos  anos", afirmou.

"É um projeto realista, não  é nada contra (a ideia) predominante", disse. "Um congelamento nominal duraria uma  semana, pararia o País, as empresas parariam."  Sobre o acordo com os estados, Meirelles disse que o intuito  era "fazer algo eficaz". "O problema fiscal não é só do governo federal", afirmou. Meirelles destacou que muitos estados estavam  pagando menos do que deveriam, por força de uma liminar  concedida pelo STF e que aplicava juros simples nas dívidas estaduais com a União. Isso pressionou por uma solução com os  estados, uma vez que implicava,  em suas palavras, em "um custo na casa dos milhões por mês  à União".

O ministro disse que os estados deverão fixar o mesmo limite para o crescimento de gastos  proposto pela União, adotando  como correção a inflação do ano  anterior. Ele evitou fazer previsões próprias sobre o início da  medida. "Avaliações otimistas  falam em dois a três meses para  a aprovação. Pessimistas falam  em até o fim do ano para valer  no ano que vem. Não vou fazer  previsão, o importante é levar a  mensagem a todos de que precisa ser aprovado." Meirelles defendeu o fim das  vinculações de gastos em Saúde  e Educação à receita e disse que  a reforma da Previdência será  tratada em uma "discussão própria". "É (uma reforma) complexa  e foi discutida no mundo inteiro  de maneira abrangente. Está sendo endereçada. 

A primeira medida foi levar a secretaria da Previdência para a Fazenda. Por quê?  Porque a reforma da Previdência  é parte do ajuste fiscal." O ministro da Fazenda falou para uma plateia de cerca de  400 pessoas em evento organizado pela Febraban (federação dos bancos) em São Paulo. O tom do  seu discurso foi defender o que  classificou de "soluções" para o  principal problema econômico do  País, que é a questão fiscal.  Ao defender o fim das vinculações em Educação e Saúde,  Meirelles afirmou que a medida  não vai reduzir os gastos para essas áreas e que o teto seria inócuo  sem o controle dessas despesas.  "Não podemos começar quebrando o País. O problema da Educação não é a quantidade de gastos  como proporção ao PIB, o problema é a qualidade." O ministro disse ainda que  suas propostas não levam em  conta o resultado do processo de  impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff pelo Senado.

Ex-presidente do Bank Boston  e ex-executivo do J&F, Meirelles  afirmou aos seus pares, do setor  bancário, que aceitou a proposta  para integrar a equipe de Michel  Temer "não para fazer um projeto  de governo, mas para o País, de  longo prazo". "Quem estará aqui  em três meses, três anos ou 10  anos não importa. Estou cumprindo minha missão agora."


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