Blog do Josias - 01/06/2016
O grande problema dos economistas do governo não é fazer
planos. Isso Henrique Meirelles e sua equipe fazem em cima do joelho. A questão
é convencer o Congresso e a máquina do Estado da importância do equilíbrio
entre receita e despesa. O conceito de que não é possível gastar mais do que se
ganha é difícil para pessoas que tratam a verba pública como dinheiro grátis.
Agora mesmo, informa o repórter Leonel Rocha, o Congresso se
equipa para aprovar, até agosto, um pacote de reajustes salariais para os
servidores do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Os percentuais vão
variar no elástico intervalo entre 10,7% e 55%.
Considerando-se que o governo acaba de aprovar no Congresso
uma meta fiscal que consiste numa cratera de R$ 170,5 bilhões, a concessão de
reajustes generalizados é uma temeridade. Vai ser difícil para Meirelles usar a
analogia que equipara o governo a uma família.
Há na praça 11,4 milhões de desempregados. Tem família
ameaçada de perder a casa e o carro. Sem dinheiro para encher a geladeira,
muitas famílias recorrem ao agiota. Ou ao cheque especial, que é a mesma coisa.
Ou ao rotativo do cartão de crédito, que é ainda pior.
O conselho dos economistas para essas famílias é não gastar
mais do que ganham. E retirar as crianças da sala na hora que os parlamentares
forem votar os reajustes de até 55% para o funcionalismo. Seria uma crueldade
permitir que as crianças descobrissem tão cedo que o Brasil continuará
endividado até a raiz dos cabelos delas.