Correio de Uberlândia
- 30/07/2016
Apesar de o governo ter encaminhado o projeto de lei que
trata do reajuste e do bônus que receberão os servidores da Receita Federal, a
categoria deve seguir em paralisação até a aprovação do texto pelo Congresso.
Desde quinta-feira (28), o sindicato dos auditores (Sindifisco) realiza uma
assembleia para decidir sobre a continuidade da greve, e os resultados parciais
indicam que a maioria é favorável a manter a mobilização.
Em 14 de julho, os auditores iniciaram uma operação-padrão,
deflagrada às terças e quintas, que resultou em atrasos na liberação de
mercadorias e no embarque e desembarque de passageiros. A nova etapa seguirá o
mesmo calendário, mas o foco da "meta zero" será a liberação de
cargas e tarefas administrativas, com potenciais impactos sobre o comércio
exterior e a arrecadação.
"Não vamos causar prejuízos a passageiros, até por
conta dos Jogos Olímpicos", disse o presidente do sindicato, Cláudio
Damasceno. Nos momentos de maior embate entre a categoria e o governo, a
proximidade dos jogos chegou a ser usada como instrumento de barganha pelos
servidores.
Os auditores querem manter a pressão sobre o governo para
que o projeto tramite em regime de urgência, de forma que os benefícios
financeiros sejam recebidos já em agosto, conforme previsto inicialmente. O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria se
comprometido com uma tramitação célere, mas até agora o projeto está sendo
apreciado em regime de prioridade. Se aprovado, ainda terá de passar pelo
Senado.
O pedido do Sindifisco era pela edição de uma medida
provisória, que tem efeitos imediatos, mas o governo não atendeu o pleito. Com
isso, o sindicato teme que o tempo de tramitação no Legislativo postergue a
concessão dos reajustes, gerando prejuízos aos servidores, segundo Damasceno.
Não é a primeira vez que a categoria utiliza seu poder sobre os cofres públicos
para conseguir acordos vantajosos e acelerar suas demandas.
Ao todo, os servidores da Receita devem receber um reajuste
de 21,3% em quatro anos, cujo impacto será de R$ 2,097 bilhões em todo o
período. Além disso, está previsto um bônus de eficiência, pago inclusive a
servidores inativos, que custará R$ 6,479 bilhões até 2019, segundo cálculos do
governo enviados ao Congresso Nacional